Ciência
21/11/2023 às 04:30•2 min de leitura
Nós, humanos, costumamos desenvolver o hábito estranho de criar pequenos rituais, chamados de superstição, e que geralmente servem como uma crença usada para tentar nos proteger de alguma coisa (por exemplo, de que não devemos passar embaixo de uma escada para não ter azar, ou que deixar o chinelo virado pode matar a nossa mãe). Mas será que as criaturas irracionais, como os animais, também podem apresentar algum tipo de superstição?
Por incrível que pareça, alguns biólogos e psicólogos afirmam que alguns comportamentos observados nos bichos poderiam talvez ser chamados de crendices e superstição, já que cumprem um importante papel de mecanismo de controle dentro da sua rotina.
(Fonte: Getty Images)
De acordo com Kevin Foster, que é professor de Biologia Evolutiva da Universidade de Oxford, responder a essa pergunta vai depender do que se chama de superstição. "Para definições baseadas na representação mental de uma superstição, é fácil argumentar que esse comportamento é uma característica apenas humana. Para uma definição comportamental, como aprender uma associação causal entre dois eventos quando, na verdade, não existe tal causalidade, qualquer espécie capaz de aprender ligações causais pode gerar uma superstição", falou para a IFL Science.
Ele dá mais detalhes: “se um predador aparecer várias vezes ao mesmo tempo que há vento nas árvores, as presas podem muito bem associar o ruído do vento a um predador, mesmo que não estejam realmente ligados”, explicou.
Portanto, esses mecanismos tidos como "supersticiosos" podem ser considerados essenciais para a sobrevivência de certos animais. Eles dependem da capacidade de aprendizado a partir da identificação de relações causais entre fenômenos, como conectar a visão de nuvens com a possível presença de chuva.
(Fonte: Getty Images)
De acordo com os biólogos, os pombos costumam ser citados entre os animais mais supersticiosos. Isso se deve principalmente a um experimento feito pelo psicólogo comportamental Burrhus Frederic Skinner em 1948.
No estudo, Skinner demonstrou haver conexões entre um ritual e um resultado comportamental observado nos pombos. Os animais eram alimentados por uma máquina em intervalos específicos. Então os pesquisadores passaram a notar que as aves agiam de forma repetitiva ao antecipar que a comida logo seria servida. Para Skinner, as aves desenvolveram superstições que as recompensariam com a entrega de alimentos. Vale lembrar que o experimento recebeu alguma contestação por seus pares.
Pesquisadores também notaram comportamentos ritualísticos em outras aves, além de orangotangos, ratos e cachorros. Em 2014, cientistas observaram uma espécie de postura supersticiosa em certos macacos que participavam de jogos e reconheciam os padrões. Eles passaram então a acreditar que, se repetissem a mesma sequência, iriam ganhar uma recompensa em forma de comida.
Contudo, não se pode cravar com total certeza de que os animais tenham o mesmo tipo de crença supersticiosa que os humanos, ou mesmo que compartilhem a ideia de sorte e azar. O mais provável é que eles apenas tenham a capacidade de aprender e reconhecer padrões que, por questões de sobrevivência ou de obtenção de alguma vantagem, são frequentemente repetidos.