Qual influência o paladar exerce sobre a digestão?

03/12/2023 às 10:002 min de leitura

O sabor dos alimentos, ou pelo menos a indicação dele, muitas vezes é o bastante para decidir se vamos ou não devorar uma guloseima. Mas um novo estudo, publicado na revista Nature no último dia 22, mostrou que o sabor desempenha um papel que vai muito além disso.

Vale lembrar que muitas informações a respeito de um determinado alimento já são enviadas ao cérebro quando estamos mastigando, para auxiliar no processo de digestão. Sabemos que isso ocorre, por exemplo, para que a sensação de saciedade apareça a partir de alguns minutos.

Desvendando a mágica por trás do apetite

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Segundo o estudo, o contato direto do alimento com a boca possui um papel ativo no controle da dinâmica da digestão. Assim, combinando os sinais enviados pela boca, e mais tarde, pelo intestino, o cérebro consegue ter controle sobre a nossa alimentação.

Para descobrir isso, pesquisadores se dedicaram a acompanhar a ação dos neurônios PRLH (prolactina) em camundongos. Neles, a estimulação estava diretamente relacionada ao consumo de alimentos, uma vez que os neurônios PRLH controlavam o ritmo da ingestão nesses animais. Na prática, eles evitam que as refeições sejam consumidas rapidamente.

O mesmo não foi percebido durante a ingestão de água — o que possibilitou a associação à alimentação de uma forma mais restrita. A partir disso, pesquisadores acreditam que processos semelhantes ocorram conosco poucos segundos depois que ingerimos um alimento e estejam relacionados com o sabor que eles possuem.

Ativação dos neurônios durante a digestão

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Pesquisadores observaram que os neurônios analisados no experimento foram ativados quando os roedores comiam alimentos doces e gordurosos. No primeiro caso, isso ocorreu com 74% deles e no segundo, com pelo menos 80%. Ou seja, os neurônios PRLH não reagem a um único tipo de sabor.

Truong Ly, principal autor do estudo, comentou sobre essa particularidade dos neurônios PRLH em um comunicado oficial: “Foi uma surpresa total que estas células tenham sido ativadas pela percepção do paladar”.

Para tornar o estudo mais completo, ainda foi comparada a ação desses neurônios com os neurônios GCG, que estão relacionados com a sensação de saciedade. Ambos são regulados durante a digestão, mas pesquisadores notaram que esses últimos não reagiram assim que os roedores começaram a lamber o alimento e apresentaram uma ação crescente, sem qualquer relação com o sabor.

Importância do estudo para o desenvolvimento de medicamentos

(Fonte: Getty Images)(Fonte: Getty Images)

Os neurônios CGC ainda foram associados à saciedade mais duradoura, uma vez que estão processando informações do estômago e dos intestinos. Juntos, portanto, os neurônios PRLH e GCG fornecem feedbacks combinados para uma determinada região do tronco cerebral, chamada de núcleo caudal do trato solitário (NTS).

Além de fornecer uma melhor explicação sobre nossos processos digestivos, esse tipo de pesquisa se mostra importante para o desenvolvimento e aperfeiçoamento de medicamentos que promovem a redução de peso, como o Ozempic.

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