Estilo de vida
30/01/2024 às 09:00•2 min de leitura
O estudante de biologia Roberto León, da Universidad San Francisco de Quito, se surpreendeu ao descobrir uma nova espécie de tarântula. A aranha imprevisível, que pulou no peito de seu amigo logo no primeiro encontro, foi apelidada de "Satanás". Entretanto, o espécime se provou muito mais simpático do que o previsto.
León descobriu a tarântula enquanto explorava uma área a duas horas da capital do Equador. O animal com comprimento de aproximadamente um palmo estava em um galho de bambu. Ao ser encurralado, o espécime pulou para a camiseta do companheiro de viagem de León, que prontamente o recolheu.
O apelido surgiu pelo comportamento imprevisível, "não porque fosse uma aranha maligna". Satanás tinha movimentos rápidos e era "particularmente peludo". A nova espécie ganhou o nome em sua homenagem: Psalmopoeus satanas ou "tarântula-de-satanás".
A aranha atingiu a maturidade alguns meses após ser capturada para estudos. Durante esse tempo, a convivência foi amigável e os pesquisadores adoravam ficar perto de Satanás e o achavam "simpático", conta León. Ao fim dos estudos, foi possível constatar que se tratava de um macho e de fato era uma espécie desconhecida até então.
Enquanto tarântulas fêmeas podem chegar a 30 anos, machos vivem entre um e dez anos
No entanto, pouco tempo após se tornar adulto, ele morreu. "Eles se tornam como animais de estimação para nós, embora não o sejam. São objetos de pesquisa, mas nos apegamos a eles", comenta León.
Embora as tarântulas fêmeas possam chegar a até 30 anos, os machos vivem bem menos: a média de idade fica entre um e dez anos. Além da personalidade agradável de Satanás, o estudante explica que o apego se dá porque essa foi uma das primeiras espécies fotografadas pelo grupo de pesquisa.
O grupo de estudos do qual León faz parte, Mygalomorphae Research Group (MRG), já descobriu 16 novas espécies. A subordem Mygalomorphae inclui espécies comumente conhecidas por "caranguejeiras", como as tarântulas. O MRG descreveu a experiência com Satanás em um artigo publicado na revista ZooKeys no fim de 2023.
O interesse da pesquisa se iniciou pela lacuna de investigações no Equador, que possui áreas acidentadas e inacessíveis. O grupo foi fundado pelo pós-graduando Pedro Peñaherrera em 2019. Ele percebeu sua "enorme curiosidade" ao ganhar uma tarântula de estimação de uma espécie desconhecida.