Mulheres são mais tolerantes a viagens espaciais que homens, diz a ciência

06/07/2024 às 08:002 min de leituraAtualizado em 06/07/2024 às 08:00

As mulheres são mais aptas às viagens espaciais do que os homens, tendo uma tendência menor para sofrer com os efeitos no corpo provocados por esse tipo de experiência fora da Terra. É o que sugere um novo estudo sobre o tema, publicado na revista Nature Communications no dia 11 de junho.

Na pesquisa, liderada pelo professor de fisiologia da Weill Cornell Medicine (Estados Unidos), Christopher Mason, o objetivo era entender os impactos no sistema imunológico causados pelas viagens ao espaço. Para a investigação, a equipe analisou os dados de dois homens e duas mulheres que participaram da missão Inspiration4 da SpaceX em 2021.

Tripulantes da missão Inspiration4. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
Tripulantes da missão Inspiration4. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

Essas informações foram comparadas com as de outros 64 astronautas, entre homens e mulheres, que participaram de missões da NASA. Os especialistas queriam entender como a microgravidade, a radiação e as mudanças de fluido, condições encontradas nas viagens espaciais, afetaram as respostas imunológicas da tripulação.

De acordo com o estudo, os resultados da comparação mostraram que as mulheres toleram melhor o estresse fisiológico provocado pelas condições espaciais. Além disso, podem apresentar uma recuperação muito mais rápida quando retornam à Terra.

Impactos do espaço no corpo

O corpo pode sofrer alterações durante as missões espaciais. (Fonte: Getty Images/Reprodução)
O corpo pode sofrer alterações durante as missões espaciais. (Fonte: Getty Images / Reprodução)

Ao analisar os dados dos astronautas, os pesquisadores identificaram mudanças em marcadores relacionados à inflamação, envelhecimento e homeostase muscular depois do voo para fora da Terra. No entanto, essas alterações ocorreram de maneira diferente entre os sexos dos viajantes.

Também foram notadas modificações na expressão genética, igualmente em maior intensidade nos homens. Desempenhando um papel essencial na coagulação do sangue, o fibrinogênio foi uma das proteínas mais afetadas, assim como a IL-6 e a IL-8, responsáveis por combater infecções e inflamações, respectivamente.

Essas mudanças celulares, moleculares e fisiológicas surgiram até mesmo nas missões espaciais curtas, com a maioria delas voltando ao normal algumas semanas depois do fim da viagem. Porém, parte das medições ainda se mostrou fora dos padrões por mais de três meses, exigindo uma investigação mais aprofundada.

Por que as mulheres são mais resistentes às viagens espaciais?

Christina Koch é a mulher que passou mais tempo no espaço. (Fonte: NASA/Divulgação)
Christina Koch é a mulher que passou mais tempo no espaço. (Fonte: NASA / Divulgação)

Os motivos que tornam as mulheres mais resistentes às alterações fisiológicas ocorridas durante as missões espaciais ainda não foram esclarecidos. Mas os autores do artigo desconfiam que isso tenha relação com a preparação do organismo para a gravidez.

“Ser capaz de tolerar grandes mudanças na fisiologia e na dinâmica dos fluidos pode ser ótimo para gerenciar a gravidez, mas também para controlar o estresse dos voos espaciais em um nível fisiológico”, sugeriu Mason, em entrevista ao The Guardian.

Apesar da descoberta, ele afirma que são necessários mais estudos para confirmar a tendência, que pode influenciar na seleção de astronautas para futuras missões de longa duração.

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