Artes/cultura
30/08/2024 às 14:00•2 min de leituraAtualizado em 30/08/2024 às 14:00
Os mamíferos, desde as grandiosas baleias-azuis até os pequenos musaranhos, estão espalhados por todos os cantos do planeta. Porém, apesar de tamanha diversidade biológica, acreditava-se até recentemente que a estrutura e a função do coração de todos os mamíferos eram as mesmas.
Contudo, pesquisas recentes mostram que o coração humano é um caso atípico, distintamente diferente daqueles de nossos parentes mais próximos, como os grandes símios — chimpanzés, bonobos, orangotangos e gorilas. E existe uma série de motivos para tanta diferença.
Segundo os investigadores, os humanos divergiram dos chimpanzés, nosso último ancestral comum, entre cinco e seis milhões de anos atrás. Nesse meio tempo, as pessoas evoluíram para ficar em pé e se envolver em maiores quantidades de atividade, o que também fez com que nossos cérebros crescessem consideravelmente.
Essas mudanças foram associadas a uma demanda metabólica muito maior, exigindo que mais sangue fosse bombeado para nossos músculos e cérebro. Com isso, os cientistas sugerem que o coração humano se adaptou para suportar nossa postura ereta e nossa movimentação.
Nos últimos 10 anos, um estudo internacional conduziu avaliações do sistema cardiovascular de grandes primatas no mundo todo. Nesse estudo, os pesquisadores avaliaram que a parte inferior do ventrículo esquerdo dos humanos possui uma lisura quatro vezes maior do que a de nossos parentes mais próximos.
Além disso, usando uma técnica chamada "ecocardiografia de rastreamento de manchas", que rastreia o movimento do músculo cardíaco durante a contração e o relaxamento, foi possível examinar como o músculo engrossa, torce, gira e alonga. Os dados coletados foram impressionantes.
Conforme apontam os investigadores, os humanos têm menos trabeculações, exibiram torção e rotação muito maiores na ponta do coração durante a contração do que outros mamíferos. Esse movimento de torção aumentado, junto com as paredes ventriculares lisas, provavelmente permitiu ao coração humano bombear um volume maior de sangue a cada batida.
O estudo desafia a suposição de que a estrutura cardíaca é uniforme entre os mamíferos. Em vez disso, diferenças sutis na anatomia e função do coração surgiram em resposta a desafios ambientais únicos — um processo crucial para a sobrevivência das espécies.
Por meio da colaboração com profissionais veterinários, os pesquisadores exaltaram as novas descobertas sobre a fisiologia cardiovascular dos grandes símios. Com isso, a expectativa é que a compreensão da evolução do coração humano seja aumentada com o passar do tempo, bem como a compreensão, o diagnóstico e o gerenciamento de doenças cardíacas.