Ciência
17/10/2019 às 06:15•2 min de leitura
Na manhã da terça-feira, dia 15 de outubro, o edifício residencial Andrea desabou em Fortaleza. A tragédia ocorreu às 10h28 no bairro nobre Dionísio Torres, no cruzamento da Rua Tibúrcio Cavalcante com a Rua Tomás Acioli — cerca de três quilômetros da Praia de Iracema.
Esse desabamento, no entanto, não aconteceu sem motivos. Um vídeo feito na segunda-feira, antes do ocorrido, mostrava as colunas de sustentação do prédio. Elas estavam em uma situação precária, provando que o desabamento era uma tragédia anunciada. Confira o vídeo neste link.
De acordo com os moradores, obras estavam sendo feitas no local. Em determinados apartamentos, era possível perceber sinais de que havia algo errado: rachaduras em janelas e portas que, em um dia fechavam perfeitamente, e depois já não cabiam mais no espaço da parede (como se o teto estivesse, de fato, “cedendo”).
Em uma entrevista à BBC News, o presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Ceará (Crea-CE), Emanuel Maia Mota, informou que na segunda-feira foi registrado no órgão um documento que confirmava a reforma — sem especificar o nome do responsável técnico ou a área exata em que a obra ocorreria. Sabe-se apenas que a reforma foi orçada em R$22,2 mil, e tinha o objetivo de recuperar construções e a pintura.
Apesar disso, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU) declarou que não encontrou nenhuma informação em seu sistema sobre atividades no Edifício Andrea. "Caso o prédio estivesse em obras deveria haver um profissional habilitado responsável, arquiteto ou engenheiro.", explicou o Conselho em nota.
Um vídeo gravado por câmeras de segurança da rua Tomás Acioli registrou o momento exato do desabamento. Testemunhas afirmaram que, durante a tragédia, podiam enxergar as vítimas dentro do prédio enquanto ele caía — algumas conseguiram escapar pelas janelas. Confira o vídeo neste link.
A Prefeitura de Fortaleza informou, em nota, que montou um plano de contingência para ajudar as vítimas. Profissionais do maior hospital de urgência da região, o Instituto Dr. José Frota (IJF), foram disponibilizados para atender os feridos.
Outras três unidades hospitalares (Gonzaguinhas, UPA e Frotinhas) da capital cearense também estão de prontidão. De acordo com a Prefeitura de Fortaleza e o Governo do Ceará, 18 pessoas estavam dentro do edifício quando a tragédia ocorreu.
De acordo com a Prefeitura de Fortaleza, o Edifício Andrea foi construído de maneira irregular. Até 1977, segundo ela, havia uma casa no endereço do condomínio. A administração do município ainda informou que esse é o motivo principal pelo qual não foram encontrados dados oficiais sobre o prédio.
A equipe do G1, no entanto, localizou o registro do imóvel em um cartório cearense. E, ao contrário do que a Prefeitura defende, a situação do prédio estava sim regularizada. A construção foi registrada em 1982 e todos os apartamentos possuíam matrícula.
Os bombeiros aumentaram a área de isolamento e pediram silêncio para que qualquer possível vítima pudesse ser ouvida. Pessoas debaixo dos escombros conseguiram ligar para o corpo de resgate que, seguindo suas direções, estão tentando encontrá-las. O coronel Luis Eduardo Holanda, comandante dos Bombeiros, diz que cães farejadores estão sendo utilizados nas operações e acredita que, com a ajuda deles, será possível resgatar mais pessoas.
A solidariedade dos moradores tem marcado as operações. Casas vizinhas estão servindo como pontos de apoio e grupos de pessoas estão trabalhando para fornecer alimentos, água e toda ajuda possível para os profissionais. Além disso, voluntários de diversas áreas também se disponibilizaram para ajudar como podem.
Segundo as últimas informações, 4 mortes foram confirmadas, 7 pessoas foram resgatas com vida (além de um cachorrinho do sétimo andar) e 7 vítimas permanecem desaparecidas, mas já foram identificadas. Para saber quem são as vítimas e ler seus relatos, clique aqui.