Artes/cultura
17/12/2019 às 04:00•1 min de leitura
Poucos minutos são suficientes para refletir sobre alguém da família ou conhecido que assista, repetidamente, as mesmas programações. Zonas de conforto, segurança e de intimidade, assistir várias vezes um mesmo programa pode significar uma etapa importante do dia para jovens e adultos, mas é na infância e no início da pré-adolescência que os atos se destacam.
É muito comum, para quem tem filhos ou tem proximidade com crianças, escutar os mesmos pedidos de sempre: "posso assistir o desenho 'x'?". E, mesmo tendo convicção de que a criança já viu tal episódio no dia anterior, ainda é necessário lidar, diariamente, com os mesmos pedidos. Porém, o dia a dia e os automatismos da rotina nos fazem fechar os olhos para tais eventos, sem questionar os reais motivos e interesses por trás de acompanhar exatamente os mesmos desenhos.
"As crianças aprendem e consolidam a informação por meio da repetição. Elas precisam de diversas reproduções para realmente aprender - na primeira vez que veem um desenho, por exemplo, vão prestar atenção às cores; na quarta vez talvez foquem sua atenção na história, na linguagem ou no arco narrativo", explica Rebecca Parlakian, diretora de programas da organização americana Zero to Three, em entrevista à BBC News Brasil.
As ideias da especialista circulam em torno, basicamente, do aprendizado, sendo possível traçar uma relação bem lógica cm os estudos de ensino básico ou superior, onde há a leitura ininterrupta dos mesmos materiais para que haja o consequente entendimento e, dessa forma, a aquisição do conhecimento. Para as crianças, a repetição de desenhos auxilia da mesma forma, com o aprendizado de nomes, sons, coerências no roteiro e diversos outros aspectos que vão moldando, lentamente, o intelecto infantil, com um material que elas têm mais afinidade e "paciência" para apreender.
Segundo Parlakian, a repetição bem trabalhada e abordada na relação familiar é extremamente saudável quando se evita o stress, cansaço, desgaste e. logicamente, inadequações comportamentais. Dessa maneira, auxilia na formação da autonomia e, mais tarde, na busca de consistências no cotidiano.