Casamentos eram feitos em cemitérios para curar pandemias

17/06/2020 às 11:002 min de leitura

Ao longo da história da humanidade, diversas religiões tentaram acabar com as pandemias através de orações ou de certos rituais que seriam capazes de aplacar a ira divina. No século XIX, quando a epidemia de cólera chegou à Europa Oriental, os judeus da região desenvolveram um tipo de cerimônia peculiar. 

Chamado de casamento da cólera, o ritual envolvia a busca de dois noivos, recrutados à força nas camadas marginais das cidades (órfãos, mendigos ou deficientes físicos), e seu posterior casamento dentro de um cemitério.

Conhecidos também pelos termos hebraicos shvartse khasene (casamento negro) ou mageyfe khasene (casamento da peste), os casamentos da cólera são estudados como rituais judaicos antigos, mas, segundo declarações do historiador israelense Natan Meir à revista online Tablet, foram respostas inventadas para uma doença recém-chegada na época.

Os casamentos da peste ficaram adormecidos por algum tempo até que, em 1918, a volta dos soldados da Primeira Guerra Mundial trouxe para a América a gripe espanhola. Com o retorno de outra pandemia, também a demanda pelos rituais antipeste voltou à tona. 

Como se realizam os casamentos da peste?

Num livro de memórias recém-lançado (The End of Her), o editor da Tablet Wayne Hoffman descreve os detalhes do primeiro, e talvez único, casamento da peste celebrado no Canadá.

Realizado no dia 10 de novembro de 1918, na cidade de Winnipeg, o matrimônio uniu Harry Fleckman e Dora Wiseman “em uma extremidade do cemitério Shaarey Zedek, no norte da cidade, uma cerimônia que atraiu mais de mil convidados judeus e gentios, com um grupo de 10 homens judeus conduzindo um funeral para uma vítima da gripe no outro extremo do cemitério". 

Após a realização desse casamento, e dois outros nos Estados Unidos, pesquisadores acreditavam que a tradição estava morta e enterrada. Porém, em sua edição do último sábado (13) o New York Times noticiou uma celebração desse tipo, possivelmente um "casamento de coronavírus" entre dois órfãos, em um cemitério da cidade de Bnei Brak em Israel. 

O site da comunidade judaica Anash noticiou o evento e explicou sua execução conforme o livro Tesouro de Todos os Costumes: "casar órfãos pobres e fazer isso num cemitério mostra às pessoas que elas não têm motivos para temer a sepultura; Pelo contrário, todos estão dançando no cemitério e, ao diminuir o medo da praga, isso ajuda a sobreviver".

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