Ciência
02/07/2020 às 08:00•2 min de leitura
Era março de 1994 quando Darryle Adams levou um tiro e morreu, em uma rua do Queens, em Nova York. Apenas quatro dias depois disso, em uma casa a meia hora do local do crime, Samuel Brownridge foi preso e acusado por latrocínio (roubo seguido de morte). Condenado em 1995, Brownridge foi absolvido após 25 anos preso por um crime que não cometeu.
O erro só foi reparado quando, a partir de 2017, a nova promotora do Queens, Melinda Katz, criou um comitê para revisar casos de pessoas acusadas injustamente. Segundo a nova advogada de Brownridge, Donna Aldea, "houve falhas em todos os níveis desse caso, desde a investigação, a prisão, o julgamento e o processo de apelação". Entenda como essa sucessão de erros aconteceu.
Samuel Brownbridge (Fonte: The New York Times/Reprodução)
Toda a acusação foi baseada no depoimento de duas testemunhas, que reconheceram Brownridge em uma fila de suspeitos. Uma dessas testemunhas, contudo, já havia feito dois reconhecimentos errôneos pouco antes disso, no mesmo mesmo caso. O homem descrevia o assassino como uma pessoa de cabelo curto, com 20 e tantos anos de idade, enquanto o acusado tinha 18 e um cabelo afro de comprimento médio.
A outra testemunha que reconheceu Brownridge como o assassino também não era confiável: tinha um histórico de problemas psiquiátricos e, depois de um tempo, retirou seu testemunho, alegando ter sido coagida a reconhecer o acusado. Esses erros nunca foram usados a favor de Brownridge por seu primeiro advogado, que também falhou em não convocar a mãe e a namorada do acusado para testemunharem que ele estava em casa, no momento do crime.
Anos depois de sua prisão, Brownridge tentou uma apelação contra sua sentença. Na mesma época, um homem chamado Mark Taylor afirmou que o verdadeiro assassino era outro homem, mas retirou seu testemunho após ameaças. Outros membros da quadrilha de Garfield Brown — o verdadeiro culpado, morto pela polícia em uma operação, 2002 — corroboravam essa tese sobre a autoria do crime.
Contudo, foi apenas em meados de 2020, quando já estava em liberdade condicional e vivendo no estado de Maryland, algumas horas ao sul de Nova York, que Brownridge finalmente pode ouvir que sua sentença havia sido revogada. Por conta da pandemia, a audiência foi online, mas o homem — agora inocentado — arrancou lágrimas até do juiz ao falar sobre os 25 anos de vida que perdeu, preso injustamente.
"A ideia de que alguém está na prisão por um crime que não cometeu é algo que deveria ser importante para todo mundo. Nenhum sistema é perfeito e deve haver formas de perceber as imperfeições", afirmou a promotora Melinda Katz, ao jornal The New York Times.