Artes/cultura
22/08/2020 às 13:00•2 min de leitura
Takao Shito é um fazendeiro japonês que cultiva vegetais no mesmo lugar seguindo a tradição centenária de sua família. Seu avô e seu pai também eram agricultores e trabalhavam na antiga fazenda Shito, porém com uma diferença: a vizinhança. Onde antes havia uma aldeia hoje funciona o segundo maior aeroporto do Japão.
Cerca de 30 famílias que viviam no local venderam suas terras para o governo japonês para a construção do aeroporto de Narita. Já a família Shito decidiu permanecer em sua fazenda, e Takao luta há mais de 20 anos para manter sua propriedade, chegando a recusar uma oferta de US$ 1,7 milhão.
Morar dentro de um gigantesco aeroporto não tem sido fácil para o fazendeiro: o som de aviões decolando é ensurdecedor. Mas Takao Shito não abre mão: “Estes são pedaços de terra cultivados por três gerações durante quase 1 século, por meu avô, meu pai e eu. Quero continuar morando aqui e cultivando”, disse à AFP.
Fazenda Shito, ao lado da pista de pouso. (Fonte: Istanbul Havacilik Kulubu/Facebook/Reprodução)
Quando o governo japonês divulgou os planos para a construção do aeroporto de Narita em 1966, o pai de Takao, Toichi, foi um dos fazendeiros que mais se opuseram à construção. No entanto, um a um todos foram convencidos a vender suas propriedades em troca de incentivos financeiros.
Toichi, por outro lado, permaneceu firme ao seu propósito de não vender suas terras. No entanto, como a Constituição japonesa determina que o direito à propriedade privada não pode interferir no bem-estar público, o velho fazendeiro perdeu a causa embora continuasse recorrendo até falecer, aos 84 anos.
Quando soube da morte do pai, Takao abandonou seu emprego em um restaurante e retornou à fazenda para continuar a luta. Desde o seu retorno, ele está em constantes batalhas legais para impedir que as autoridades o expulsem das terras que seus ancestrais cultivam há mais de 100 anos.
É uma tarefa tão desgastante quanto cultivar a terra de sol a sol, mas Takao nem cogita a possibilidade de desistir. Sua luta se tornou um símbolo dos direitos civis no Japão, e centenas de voluntários e ativistas se reuniram para ajudá-lo ao longo dos anos.