Ciência
18/06/2021 às 05:00•2 min de leitura
Nascida em 27 de maio de 1818, em Homer, Nova York, Amelia Jenks Bloomer só recebeu alguns anos de educação formal na escola do distrito onde morava, porém isso não impediu que ela se tornasse professora aos 17 anos, ensinando alunos em sua comunidade sobre o pouco que sabia.
Em meados de 1840, ela se casou com David Bloomer e se mudou para a comunidade de Seneca Falls no estado, onde se tornou uma espécie de pilar político e social. Quando ela juntou a Igreja e integrou a Sociedade Local da Temperança, seu marido percebeu que ela possuía uma tendência para a reforma social, portanto a encorajou pela primeira vez a usar a escrita como meio de comunicação.
(Fonte: Councill Bluffs Public Library/Reprodução)
Isso só foi acontecer 8 anos mais tarde, quando Bloomer participou da histórica Convenção de Seneca Falls, onde ativistas de grande relevância no cenário das sufragistas da época discutiram os direitos das mulheres nos Estados Unidos.
Ouvindo Elizabeth Cady Stanton e Lucretia Mott, ela não viu outra saída senão fundar o próprio jornal, intitulado The Lily, para falar sobre a desigualdade de gênero, encorajando o aumento do acesso das mulheres à educação que lhe foi privada no início da vida e à votação, transformando o primeiro jornal editado por uma mulher em uma espécie de arauto feminista à modernidade.
E como se todas essas questões não fossem consideradas polêmicas o suficiente, Bloomer foi ainda mais longe ao reivindicar o direito das mulheres do século XIX à moda. Com corsets que prejudicavam a caixa torácica, anáguas de cordão que pesavam quilos, espartilhos que afetavam a respiração, tecidos com tintura tóxica e crinolinas inflamáveis que mataram mais de 3 mil mulheres na década de 1850 –, Bloomer decidiu ser hora de mudança.
(Fonte: Tumgir/Reprodução)
Ela leu em um editorial masculino – cujo autor apoiava o movimento sufragista – que sugeria que as mulheres adotassem "pantalonas turcas e saias que chegava um pouco abaixo dos joelhos" como alternativa às roupas pesadas. Depois que Elizabeth Miller apareceu com calças turcas, a mulher não só adotou o estilo como escreveu um artigo incentivando suas leitoras.
Mulheres do mundo todo voltaram seus olhares para o The Lily, fazendo disparar as assinaturas. As calças turcas adquiriram um novo nome: calções, e todas aquelas que passaram a fazer o uso deles ficaram conhecidas como 'bloomers'.
(Fonte: Grout Museum District/Reprodução)
Em 1851, depois que as sufragistas apareceram usando os calções no Congresso Mundial da Paz em Londres, elas receberam críticas e represálias, além de muitas adeptas da nova tendência terem sido ridicularizadas ou até mesmo agredidas.
Várias sufragistas, como Elizabeth Stanton, cederam à pressão mental e social e abandonaram os calções, voltando aos vestidos. Bloomer, que usou as calças por muitos anos, acreditava que boa parte da reação da sociedade era porque vestir as calças "igualava" as mulheres aos homens, o que poderia sugerir uma "usurpação" dos "direitos masculinos". Além disso, ainda havia o medo do poderio masculino de que, no que as mulheres fizessem o uso das calças, elas começassem a ocupar os cargos que os pertenciam "por direito".
(Fonte: Shaft Jeans/Reprodução)
Quando as "bloomers" começaram a ser associadas a tudo o que era de ruim, como prostituição e drogas, as sufragistas recuaram para um estilo mais "recatado e do lar", exatamente como os homens e a sociedade queriam.
Susan B. Anthony amarrou um xale vermelho simples no pescoço, adquirindo uma aparência matronal, e a Philadelphia Press a elogiou por isso, dizendo que "nenhum homem poderia negar qualquer direito a uma mulher vestida daquele jeito".
No final das contas, o machismo estrutural venceu naquela época apesar dos esforços de Amelia Bloomer, e as mulheres voltaram para sob as solas de sapato da sociedade após provarem um pouco do gostinho de como é ser livre.