Artes/cultura
06/07/2021 às 03:00•2 min de leitura
Em todos os aspectos, a Londres do século XIX era um local perigoso para se viver, apesar de ser o coração da Revolução Industrial na Europa. A cidade era um foco pulsante de todos os tipos de epidemias possíveis com a podridão do rio Tâmisa, as toneladas de fezes de cavalos no chão fuliginoso das ruas e o fedor tóxico dos dejetos de milhares de habitantes nos canais de água.
Além de tudo isso, o tráfego de visitantes e moradores consumou o caos na cidade medieval. O simples fato de uma carruagem de aluguel quebrar na rua principal (conhecida como Strand em 1803) foi responsável por causar um imenso engarrafamento, culminando na morte de dois homens e uma mulher que ficaram presos entre vagões de carvão. Em 1811, a London Bridge chegou a receber 90 mil pessoas.
Em 1850, já eram registrados 27 mil pessoas entrando e saindo de Londres diariamente – o que representava apenas um décimo do número total de trabalhadores que vinha a pé ou de ônibus para a cidade.
(Fonte: Londonist/Reprodução)
Os planos de melhorias começaram a ser elaborados quando o tráfego passou a resultar em diversas mortes diárias em acidentes de trânsito, ameaçando a já duvidosa reputação da cidade.
Em 1865, o gerente ferroviário John Peake Knight surgiu com uma ideia para estabelecer a ordem nas ruas de Londres. O homem já havia se consolidado como o primeiro a colocar iluminação nos vagões de trens e a instalar campainhas nos carros para alertar os guardas para que as locomotivas parassem.
(Fonte: Londonist/Reprodução)
Ele propôs o uso de um sinal para as ruas, constituído por um pilar com dois braços vermelhos, que quando abaixados significavam que o tráfego poderia fluir, e erguidos alertavam os motoristas a esperar para que os pedestres cruzassem. E assim nasceu o primeiro semáforo.
A ideia foi implementada 3 anos após ser aprovada pelo Parlamento. Mais de 10 mil panfletos foram distribuídos pela cidade para alertar as pessoas do novo mecanismo. Nos primeiros dias de funcionamento, o caos reinou pelas ruas de Londres de maneira pior do que antes do equipamento, causando muitos acidentes, mortes e confusão.
(Fonte: Pinterest/Reprodução)
Como à noite o semáforo usava lâmpadas de gás para permanecer aceso e era operado por um policial, um dos tubos de gás causou uma explosão que acabou matando o homem. O mecanismo então foi retirado de todas as ruas e nunca mais usado.
Londres lutou com seu problema de tráfego por mais de 50 anos, até que aceitassem a volta dos semáforos como único meio de estabelecer a ordem e evitar tantas mortes por acidentes.