Ciência
07/07/2021 às 06:30•2 min de leitura
Quando o Ministério da Aeronáutica britânica descobriu o industrializado Vale do Ruhr como um potencial alvo de enfraquecimento do Eixo, os nazistas já sabiam que suas represas representavam um chamariz para os olhos inimigos. Além de fornecer energia hidrelétrica e água pura para a produção de aço, também eram fonte de água potável e para o sistema de transporte local. Qualquer dano a essas represas significaria a derrocada da força de vontade alemã de lutar, e o poder e o esforço de guerrilha de Adolf Hitler.
Sendo assim, o Terceiro Reich estabeleceu uma rede de torpedos na frente das estruturas para protegê-las. Para que bombas grandes fossem eficazes seria necessário um grau de precisão que o Comando de Bombardeiros da RAF não era capaz de alcançar com o alvo protegido. Um ataque único que causasse grande estrago poderia ser suficiente, porém eles não possuíam uma arma com aquela capacidade de destruição.
Foi então que o engenheiro e inventor Barnes Wallis, designer-chefe assistente da empresa Vickers, que produzia artefatos militares na Inglaterra, começou a desenvolver o que chamou de "bomba saltadora". Wallis descobriu que se a carga de 4 toneladas explodisse exatamente na parede da represa, a uma profundidade de aproximadamente 9 metros, a água agiria a seu favor ao concentrar a explosão e direcionar a força dela para a represa.
Barnes Wallis. (Fonte: Surrey Live/Reprodução)
Assim nasceu a Operação Chastise, conduzida pela RAF e realizada pelo Esquadrão 617. As bombas cilíndricas seriam lançadas na transversal a uma velocidade de 320 km/h, de uma altura de 45,78 metros, chocando com a superfície da água e saltando sobre ela, evitando as redes de proteção até que conseguissem colidir com a parede da represa e afundar na lama, enfim explodindo graças a uma espoleta hidrostática.
O cálculo de Wallis era tão específico que as bombas seriam lançadas a uma rotação inversa que ajudaria no efeito de salto no espelho d'água, visto que o giro proporcionaria uma espécie de "levitação" através do Efeito Magnus, indo contra a ação da gravidade e garantindo que atingisse a água suavemente, impedindo sua explosão prematura.
(Fonte: Geograph/Reprodução)
Após os testes em água, o esquadrão da RAF com 19 bombardeiros Lancaster voou até a represa de Möhne (a primeira entre as três que seriam atacadas) na madrugada de 17 de maio de 1943, e lançaram a bomba a cerca de 800 metros da parede da barragem.
(Fonte: Dovechina/Reprodução)
Apesar de não terem destruído todas as represas que planejavam naquele dia, a missão foi considerada um sucesso, acarretando várias perdas de vidas e causando dezenas de avarias para os alemães.
Além da genialidade de Wallis como engenheiro ter sido exaltada, a Operação Chastise mostrou para a opinião pública as "vantagens" de atacar o inimigo, ainda mais em uma época em que qualquer vitória deveria ser celebrada.
O Esquadrão 617 se tornou referência do Comando de Bombardeiros no cenário da Segunda Guerra Mundial.