Artes/cultura
09/03/2022 às 04:00•3 min de leitura
Nos tempos de hoje términos de personalidades da mídia só causam choque e geram piadas de descrença em amores duradouros. Entretanto, já houve vezes que a separação de duas pessoas influentes chegou a causar até guerras.
Para piorar, em muitas vezes nossa história foi totalmente alterada, seguindo rumos que poderiam evitar que imperadores fossem mortos, culturas fossem divididas e até destruídas.
(Fonte: Alinari/Art Resource New York)
Em outubro de 40 a.C., Octavia Júlia (66 a.C-11 a.C.) foi apresentada a Roma como a esposa de Marco Antônio (83 a.C.-30 a.C), gerando uma onda de aprovação dos cidadãos, afinal, ela não só era naturalmente bela, como esbanjava lealdade, graça e nobreza. Tudo o que era necessário para um elo político, principalmente para selar a paz entre Marco Antônio e Otaviano, irmão de Octavia, cuja relação tensa se estabilizou após o matrimônio.
Mas no momento em que o caminho de Marco Antônio cruzou com o de Cleópatra (69 a.C.-31 a.C.), causando o colapso de seu relacionamento com Octavia, o povo se voltou contra ele, levando todas as circunstâncias à derradeira Batalha de Actium e ao começo do fim da vida do cônsul romano.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Ainda nos tempos rudimentares do século XVIII, o divórcio era um trâmite extremamente burocrático na Inglaterra e custava uma fortuna, por isso muitos homens recorriam à venda de esposas para facilitar o processo. No entanto, legal ou não, a separação sempre beneficiava o homem, que também era o único que poderia pedir por ela.
Foi Jane Addison (1771-1851), nascida Jane Campbell, que mudou isso para sempre na história jurídica inglesa, quando decidiu romper com seu marido Edward Addison (1788-1801). Em 1700, as mulheres podiam receber uma separação, mas ainda assim deveriam permanecer obedientes e castas a seus ex-maridos, apesar de toda infidelidade, crueldade e violência deles.
Jane foi aos tribunais da Igreja argumentando que seu marido não só havia sido infiel como também a traído com a própria irmã e, para a Igreja, esse tipo de relação incestuosa era considerada inadmissível. O Parlamento interveio para conceder o divórcio a Addison, o que tornou a vida das mulheres mais fácil ao processá-lo por adultério.
(Fonte: German Route/Reprodução)
Casamentos como de Carlos Magno e Desiderata, ele rei dos francos e ela filha do rei dos lombardos, firmados sob conveniência política, sempre se mostraram fadados ao fracasso, a ponto de poder render uma guerra se chegassem ao fim.
Ironicamente, a união dos dois, em meados do ano 770, aconteceu visando à paz entre os francos e os lombardos, mas talvez ninguém tivesse considerado que qualquer abalo nesse acordo — que aconteceria pelo fato de eles serem humanos — poderia causar um caos.
Ninguém sabe exatamente o motivo da separação do casal, apenas que o ato fez as duas famílias rivais se enfrentarem na Batalha de Pavia, em 773, na qual Carlos Magno saiu vitorioso. Tornando-se rei dos francos e dos lombardos, ele reconheceu a autoridade do Papa e lançou as bases para os Estados Papais Medievais.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Da mesma maneira que o amor constrói, ele também destrói, e foi exatamente esse efeito que causou no notório imperador Nero (37 d.C.-68 d.C.), que se apaixonou por Sabina (30 d.C.-65 d.C.), considerada a mulher mais bonita de Roma, assim que a viu pela primeira vez.
Sabina, por outro lado, dotada de uma ambição sem par, havia premeditado até o primeiro contato com Nero, visando cativá-lo, tanto que se casou com outro homem apenas para se aproximar do imperador.
Foi ela que, ao se tornar amante de Nero, o convenceu a mandar assassinar a própria mãe, Agripina, a Jovem (15 d.C.-59 d.C.), para ter o caminho livre para que o imperador se divorciasse de sua atual esposa.
No verão de 65, depois que Sabina já estava grávida de seu segundo filho, ela também estava determinada a deixar Nero, que passava a maior parte do tempo fora de casa. Mas ele não aceitou muito bem a ideia, atacando Sabina de maneira tão violenta que causou a morte dela.
Com isso, Nero foi arrebatado pelo remorso, e a depressão profunda causada pelo luto que, para alguns historiadores, teria sido o responsável por levá-lo à beira da loucura, inevitavelmente o transformando no assassino e tirano como ficou conhecido.