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24/04/2022 às 12:00•2 min de leitura
É comum ver animais lambendo suas feridas, não é mesmo? Esse comportamento costuma preocupar donos de cães e gatos, pois não é recomendado por veterinários. Contudo, se os animais lambem seus ferimentos de forma instintiva, será que isso é mesmo um problema?
A resposta curta é sim. No entanto, isso não significa que esse comportamento não trazia benefícios aos animais, principalmente aos selvagens. Ademais, existe uma lógica no extinto de lamber as feridas que aparece no comportamento de outros animais, inclusive insetos.
Fonte: Shutterstock
Em 1979, um estudo publicado na revista Nature mostrou que a saliva de roedores era composta por uma variedade de substâncias, entre elas, a lisozima. O estudo concluiu que a lisozima melhorava a cicatrização da pele, evitando infecções bacterianas. Desde então, essa substância tem sido estudada para a criação de soluções antibacterianas.
Na Universidade de São Paulo, a lisozima foi estudada para aumentar a eficiência das usinas produtoras de etanol. Isso porque a fermentação pela qual a cana-de-açúcar deve passar para a produção do combustível pode ser prejudicada pela ação de bactérias indesejadas. A lisozima se mostrou eficiente no combate desses organismos.
Além dos roedores, a lisozima também está presente na saliva e lágrimas de outros mamíferos, incluindo as nossas. Mas isso não significa que nosso cuspe seja indicado para tratar ferimentos, pois ele não é composto apenas por lisozima, mas por uma série de substâncias que podem contaminar a ferida, incluindo vírus e bactérias.
(Fonte: Shutterstock)
Os animais evoluem para sobreviver nas condições mais adversas. Por isso, é natural que mantenham o hábito de lamber suas feridas, pois, na natureza, esse comportamento é o que eles têm de mais avançado no tratamento de ferimentos.
Nem todo mal, lamber as feridas retira grãos do ferimento, limpando-o. Além disso, lamber as feridas alivia as dores, da mesma forma que nós, humanos, apertamos e esfregamos nosso pé quando batemos o dedinho na quina de algum móvel.
Contudo, se o seu cão ou gato foi ao veterinário e passou por uma cirurgia, ele não deve lamber os ferimentos. Além do risco de contaminação, ele pode arrebentar os pontos, abrindo a ferida e impedindo que novos pontos sejam dados. Nesse caso, a ferida precisará cicatrizar sozinha, protegida apenas por curativos. Isso pode tornar o processo mais estressante para o animal e mais cansativo para o dono.
Por isso, por mais que o seu bichinho reclame, ele deverá usar aquele cone plástico na cabeça — já que sem o objeto ele dificilmente resistiria aos seus instintos primitivos de dar uma lambida no ferimento.
Como vimos, a saliva tem sido estudada no mundo todo há décadas. Os cientistas tentam encontrar uma forma eficiente para isolar a lisozima e garantir que, a partir da secreção, a humanidade possa ter acesso a uma arma no combate das bactérias. Atualmente, alguns medicamentos de uso cutâneo já têm o cloridrato de lisozima em suas fórmulas, mas ele é obtido do ovo da galinha.