Artes/cultura
12/08/2022 às 02:00•3 min de leitura
O Brasil, infelizmente, voltou ao mapa da fome, o que tem levado a acompanharmos as pessoas revirando o lixo para comer sobras, entre outros absurdos. Entre 1929 e 1933, os Estados Unidos passaram por uma crise econômica e social muito grande conhecida como Grande Depressão.
A quebra da bolsa de Nova Iorque levou a uma grande recessão econômica, desacelerando o consumo e minguando os empregos. Muitos estadunidenses, sem condições financeiras de se alimentarem adequadamente, passaram a comer itens esquisitos. Conheça alguns destes alimentos estranhos consumidos durante o período.
Quase todos os itens deste artigo vão te causar espanto, como por exemplo a pipoca com leite. Esqueça, não tem nada a ver com as receitas gourmetizadas de pipoca utilizando leite em pó. Durante a Grande Depressão, a pipoca era um item de fácil acesso, assim como o leite.
Misturando a pipoca estourada com o leite, o líquido engrossava, ficando semelhante a um mingau. Mais importante que o sabor era o fato de que a união dos ingredientes ajudava a mascarar a fome. Quem tinha condições, acrescia açúcar para dar mais graça ao prato. Há quem considere este o precursor dos cereais matinais açucarados.
Existe uma planta chamada dente-de-leão, rica em vitaminas, aminoácidos e minerais. No auge da crise nos Estados Unidos, as donas de casa colhiam a plantinha para utilizar em saladas, misturada com ovos e pedaços de bacon, quando estavam disponíveis.
Mais associada com o consumo no formato de chá, o dente-de-leão era útil na proteção do fígado e no fortalecimento da saúde gastrointestinal. Em virtude de sua baixa toxicidade, não colocava em risco a saúde de quem consumisse — e com bacon, quase tudo fica bom.
Sim, você leu o título correto, mas pode ser pior se contarmos que a torta de vinagre também ficou conhecida como "torta de desespero". Durante a crise financeira que assolou os Estados Unidos, o limão se tornou um ingrediente caro.
Então, quando as pessoas queriam fazer um doce, substituíam o fruto por vinagre de maçã. Os relatos das pessoas que já experimentaram são positivos, com muitos elogios à mistura de dulçor e picância no sabor. Talvez o nome seja (bem) pior que o alimento.
Ok, esta "iguaria" causa arrepios. É necessário explicar que, há quase 100 anos, as hortas urbanas eram relativamente comuns, então itens como cebolas eram fáceis de serem encontrados, cultivados e armazenados. Já a manteiga de amendoim era um produto barato. Novamente, como em outros casos citados aqui, os relatos dizem que o alimento ficava bom.
O centro da cebola era retirado (e guardado para outros preparos) e preenchido com pão amanhecido e manteiga de amendoim. Após uma hora no forno, a pasta derretia e caramelizava a cebola, ficando um sabor agridoce muito agradável. Se alguém tiver coragem de testar a receita, depois nos conte como ficou.
Em países tropicais como o nosso, sorvete é um doce que ajuda a refrescar o calor. Durante a Grande Depressão, era a forma das famílias oferecerem um doce aos seus filhos. Com dinheiro escasso, os pais precisavam escolher entre carne e doces. A escolha óbvia era por alimentos nutritivos.
Para contornar a ausência de sobremesa, donas de casa passaram a bater gelatina com creme de lente e chantilly, posteriormente levando para congelar. Pode até não ser um sorvete de verdade, mas dificilmente as crianças deviam se incomodar com isso.
Ouvir falar em prato com café pensando no preço do produto hoje pode causar mais espanto que a receita em si. A sopa de café era uma refeição característica dos Amish, grupo cristão anabaptista ultraconservador.
Para não ser apenas café tomado com colher, eles jogavam no prato pão duro, açúcar e leite, o que transformava a refeição em algo semelhante a um mingau. Pode não parecer apetitoso, mas garantia carboidratos e energia suficiente para encarar um dia de trabalho duro.