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29/08/2022 às 06:32•2 min de leitura
Lançada em 2021 pela Hulu, a série Dopesick apresentou ao mundo um drama vivido por parte da população dos EUA: o vício em opioides. A produção limitada de oito episódios mostra como a Purdue Pharma colocou no mercado o opioide OxyContin e provocou a pior epidemia de drogas da história do país.
A série é baseada no livro best-seller de não-ficção sob autoria de Beth Macy: "Dopesick: Dealers, Doctors and the Drug Company that Addicted America" .
(Fonte: Shutterstock)
Em Dopesick, um médico nota o aumento significativo do número de pacientes viciados em opioides em seu consultório. Em sua maioria, pessoas pobres e trabalhadores desesperados. Ele passa a investigar por conta própria o que está por trás disso e descobre uma conspiração de uma enorme companhia farmacêutica. O conglomerado tenta vender a todo custo a ideia de que o medicamento OxyContin não é viciante, no entanto, os dados e informações foram claramente falsificados e fabricados.
O vício de opioides é uma doença crônica que pode levar a graves problemas de saúde, econômicos e sociais. Essa classe de medicamentos atua no sistema nervoso do usuário produzindo sensações de alívio da dor e prazer. Entre os opioides mais comuns prescritos por médicos estão a morfina, codeína, metadona, fentanil e oxicodona. Outros tipos de opioides, como a heroína, são ilegais.
Quando uma pessoa toma opioides de forma regular por um longo período, seu corpo começa a diminuir a produção de endorfinas. Além disso, a mesma dose do opioide deixa de provocar a enxurrada de boas sensações que causava até então.
Quando isso acontece é chamado de tolerância. Ou seja, a droga já não causa o mesmo efeito de antes e, por isso, a pessoa procura aumentar suas doses para continuar tendo as mesmas sensações.
(Fonte: Shutterstock)
As endorfinas são os neurotransmissores do cérebro responsáveis pelo bem-estar. Os opioides provocam a sua liberação, diminuindo a percepção da dor, causando um poderoso aumento da sensação de bem-estar e prazer. Mas quando o efeito passa, a pessoa pode desejar ter de volta esses bons sentimentos quanto antes. E, aqui, temos a chave que abre a porta para o vício.
No caso do OxyContin uma comunidade de trabalhadores pobres foi o primeiro grupo significativo afetado. Algo que não é difícil de entender: eram pessoas simples trabalhando em serviços insalubres e pesados. Com os opioides, havia menos dor e era possível suportar melhor as condições degradantes.
É por isso que além dos aspectos ambientais, psicológicos e genéticos, a pobreza e o desemprego são considerados fatores de risco para o desenvolvimento do vício ou abuso de opioides.
Nessa lista, também é possível incluir problemas devido a questões mentais, histórico de depressão grave, ansiedade, circunstâncias estressantes e ser mulher, já que elas têm um conjunto de aspectos que as faz sentir mais dor que os homens.
Em 2021, a família Sackler foi condenada a pagar US$4,3 bilhões para ajudar a amenizar as consequências que o uso indevido de OxyContin causou na população. Além disso, perderam a propriedade da Purdue Pharma.
Contudo, lucraram 10 milhões de dólares enquanto comercializaram o opioide. O tapa na cara é que não admitiram nenhuma irregularidade ou informações fabricadas sobre o medicamento, também não pediram desculpas as vítimas de sua droga e nem do seu marketing sem ética e limites.
Em julho do mesmo ano, a Johnson & Johnson e outras três companhias fecharam um acordo de 26 bilhões de dólares para evitar brigas judiciais com as vítimas e o governo. Enquanto isso, as mortes continuam a aumentar nos EUA: ainda em 2021, o país registrou 100 mil mortes causadas por overdose. O maior vilão, claro, os opioides liderados pelo OxyContin.
Veja o trailer de Dopesic: