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30/10/2022 às 12:00•2 min de leitura
Por anos e anos, muitos pesquisadores evitaram pesquisar a fundo a origem dos palavrões por sempre considerarem ser um tópico de pesquisa fraco que servia apenas como um sinal de agressão, proficiência linguística fraca ou até mesmo baixa inteligência. No entanto, novas evidências mostram uma nova face para esse tema.
Um estudo publicado na plataforma Lingua reuniu mais de 100 artigos acadêmicos a respeito do assunto, mostrando que o uso de palavras consideradas "tabu" pode afetar profundamente a forma como pensamos, agimos e nos relacionamos com as pessoas ao nosso redor. Veja só o que se sabe a respeito do tema!
(Fonte: Shutterstock)
Na cultura popular, os palavrões sempre estiveram associados à liberação de emoções muito fortes. Até por isso, xingar na sua própria língua tende a ser algo muito mais impactante para a química do seu corpo do que proferir alguma ofensa em outra língua que você tenha aprendido posteriormente na sua vida.
Xingar desperta as emoções e tudo isso pode ser medido pelo comportamento do nosso corpo. Por exemplo, começamos a suar mais e, por vezes, presenciamos um repentino aumento na frequência cardíaca. Logo, essas mudanças sugerem que o ato de falar palavrões pode acionar a função "lutar ou correr" do nosso organismo.
Além disso, pesquisas neurocientíficas sugerem que os palavrões podem estar localizados em diferentes partes do cérebro de outras regiões da fala. Essas estruturas profundas estão envolvidas nos aspectos de memória e processamento de emoções, que são instintivos e difíceis de inibir. Inclusive, essa seria uma explicação do porquê muitas pessoas que sofreram danos cerebrais continuam se lembrando de alguns palavrões mesmo após seus acidentes.
(Fonte: Shutterstock)
Xingar não só é um mecanismo de liberação de emoções, mas já se mostrou ser uma forma de nos privarmos da dor. Alguns experimentos mostram que vocalizar um palavrão pode fazer com que uma pessoa adquira maior tolerância à dor e maior limiar de dor em comparação com palavras neutras. Existem até mesmo dados que mostram como algumas pessoas apresentam aumento de força física após xingar.
Porém, xingar não influencia apenas no físico e mental, mas também afeta diretamente nossos relacionamentos com outros seres humanos. Pesquisas feitas na área de comunicação e linguística mostram uma série de propósitos sociais distintos para os palavrões — como expressar uma agressão, causar ofensa, gerar humor e contar histórias.
O uso de linguagem imprópria pode até mesmo nos ajudar a gerenciar nossas identidades e exibir intimidade e confiança, sem contar que aumenta a nossa atenção e o domínio sobre outras pessoas. A principal hipótese para os palavrões terem tanto poder sobre nossas vidas é o fato deles serem quase sempre reprimidos durante a infância, algo que gera uma enorme gama de emoções ao redor dessas palavras.
Quando aprendemos um xingamento em outra língua, quase sempre pensamos nele como mais uma palavra normal. No entanto, em nosso próprio idioma, existe uma mística que torna tudo mais interessante. Toda essa relação mudaria se o uso de xingamentos se tornasse aceitável socialmente? É difícil dizer, mas por enquanto parece ser bom continuar sem respostas!