Artes/cultura
18/11/2022 às 02:00•2 min de leitura
O dia 28 de setembro é uma data que todos os moradores de Rjukan conhecem muito bem. Esse é o dia que os raios do sol deixam de iluminar a pequena cidade norueguesa, localizada a oeste da capital Oslo.
E por muito tempo, os moradores de Rjukan precisavam esperar por cinco meses e meio, até que o sol voltasse a iluminar a cidade no dia 12 de março. Construída no meio de um vale, as montanhas que a cercam impedem que a luz do sol chegassem até o local. Até que um morador decidiu colocar em prática um desejo muito antigo: usar espelhos para refletir os raios solares para o centro de Rjukan.
Cidade de Rjukan fica dentro de um vale. (Fonte: Wikimedia Commons)
Rjukan foi fundada entre 1905 e 1916 pelo engenheiro norueguês Sam Eyde para acomodar os trabalhadores da sua nova usina hidrelétrica. O local pareceu uma escolha óbvia, porque fica perto da cachoeira Rjukanfossen.
Porém, em pouco tempo, todos perceberam que a falta de iluminação por quase meio ano poderia ser um sério problema. Ainda em 1913, Eyde já havia sugerido a construção de um espelho para redirecionar a luz do sol para o centro da cidade no inverno. O problema é que o custo e a dificuldade do projeto o tornaram inviável.
A solução encontrada foi construir um teleférico para transportar os moradores para fora do vale e para as montanhas. Assim, ficava mais fácil absorver a tão estimada vitamina D necessária. O teleférico funciona até hoje e é mais uma das atrações da cidade.
(Fonte: Tore Meek/The Atlantic)
A solução definitiva para o problema da falta de sol só começou a nascer em 2005. Martin Andersen, um dos moradores de Rjukan percebeu que a ideia dos espelhos não era mais um projeto futurista.
Andersen visitou Viganella, uma vila italiana que instalou um espelho solar semelhante. A partir desse momento, ele se concentrou em resolver o problema da falta de sol na cidade norueguesa.
Em Viganella foi instalado um único espelho de aço polido. Embora ele ilumine uma área até maior do que a de Rjukan, sua luz é muito mais fraca e difusa. "Eu queria um pedaço menor e concentrado de luz solar: um local especial iluminado pelo sol no meio da cidade, onde as pessoas pudessem passar cinco minutos rápidos ao sol", explicou Andersen.
A escolha foi a praça central da cidade, cercada de um lado pela biblioteca e pela prefeitura, e do outro pelo posto de turismo. A região, com cerca de 600 m², onde também fica o mercado de Rjukan, se tornou um ponto de encontro dos moradores durante os invernos. E onde antes havia apenas uma sombra e o sol só conseguia manter o céu iluminado, agora tem um feixe focado de luz solar, com um brilho de 80 a 90% da intensidade do original.