Artes/cultura
21/01/2023 às 09:00•2 min de leitura
Quando damos nossos primeiros passos para ingressar no mercado profissional, é muito comum tentar buscar uma carreira que se alinhe com nossas paixões, procurando cargos que consideramos divertidos e que ainda ofereçam um ambiente de trabalho interessante e descontraído.
Porém, por mais que trabalhar com o que ama possa ser um grande sonho, esse conceito pode se tornar rapidamente um grande pesadelo com fortes riscos de burnout.
(Fonte: Pixabay/Reprodução)
Ter amor por uma profissão e ganhar dinheiro com ela com certeza é incrível, mas é preciso compreender que, por mais que seja possível incorporar a alegria de uma paixão dentro de sua rotina de trabalho, ela ainda é completamente diferente dos momentos de lazer.
Nenhum emprego é perfeito e todos terão suas demandas e problemas, muitas vezes, inclusive, suas tarefas não vão envolver algo que realmente queira fazer, mas sim algo precisa ser feito como obrigação do cargo.
Além disso, quando um passatempo se torna um dever, como, por exemplo, uma carreira na indústria de games, existe a possibilidade de ser menos divertido em seu tempo livre, atrapalhando a parte relaxante da experiência em momentos de descanso.
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Outro ponto a se considerar é que a empolgação de conseguir o emprego dos sonhos não pode turvar sua percepção de segurança financeira. É preciso pensar com cuidado na carga horária e no valor que irá receber, se será o suficiente para pagar as contas mensais e ainda garantir que sobre tempo e dinheiro para lazer e outras amenidades. Afinal, o lema sempre deve ser "trabalhar para viver, e não viver para trabalhar".
"Os funcionários que adoram seus empregos ou realmente valorizam seu trabalho, estão dispostos a suportar condições mais difíceis do que outros, como horários de trabalho fora do padrão ou baixos salários. E, até certo ponto, os empregadores podem saber disso e, portanto, pedir a esses funcionários dedicados e apaixonados que assumam trabalho adicional ou enfrentem condições terríveis", afirma Laura Giurge, professora de ciências comportamentais da Escola de Economia e Ciência Política de Londres.
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Uma pesquisa realizada no Reino Unido em 2019 apontou que a exploração do amor ao trabalho é muito comum nos setores criativos, com profissões como jornalista, estilista de moda, músico e designer de jogos estando abaixo da média salarial anual.
Outro estudo realizado na nação em 2020 indicou que trabalhar de graça nessas áreas também é muito comum, com 47% das pessoas com menos de 30 anos afirmando terem feito um estágio não remunerado para garantir o emprego dos seus sonhos, e 60% dos entrevistados abaixo de 30 anos dizendo que não receberam por todas as horas trabalhadas no mês anterior.
Além disso, a satisfação ou a busca por sucesso em uma carreira que amamos pode nos fazer ignorar o cansaço e estresse acumulados no processo, causando uma sensação de culpa por um esgotamento perfeitamente natural, e levando gradualmente ao burnout ou outros problemas de saúde sérios.
(Fonte: Pixabay/Reprodução)
A resposta para essa pergunta pode diferir para cada pessoa. Amar sua profissão não é errado, porém, considerá-la mais importante do que seu bem-estar físico e emocional, além de, claro, seu tempo livre, pode ser um caminho extremamente perigoso.
É importante estabelecer regras para manter o emprego separado do lazer, considerar a faixa salarial, a possibilidade de crescimento no mercado e a carga horária, e sempre lembrar que nunca é tarde demais para mudar de área se isso trouxer paz de espírito e felicidade.