Soho: a tinta anti-xixi usada nas paredes do distrito de Londres

Na maioria dos países, a micção pública é considerada um crime menor, porém, isso não impede que as pessoas façam das ruas, becos e vielas seu próprio banheiro quando precisam se aliviar de uma vontade inoportuna.

Segundo uma pesquisa feita em 2014 na China pelo Sina.com, cerca de 64% dos chineses entrevistados disseram que não se importam com a micção pública feita por crianças, por exemplo. Outros 24%, no entanto, não se importavam com a prática no geral. Apenas 11% dos entrevistados, totalizando 128 mil, disseram que se opunham à prática.

(Fonte: Ezume Images/Shutterstock)

Já Paris, uma das cidades turísticas mais visitadas do mundo pela arquitetura histórica, alta gastronomia e moda –, sofre com sua fama de fedorenta desde à época de Napoleão Bonaparte. Em boa parte, esse cheiro vem da micção pública desenfreada. Apesar de urinar em público ser terminantemente ilegal, isso não parece estancar os riachos que fluem para as ruas e jardins dos postes de iluminação e das paredes.

Em uma tentativa de reduzir os efeitos da prática, no início de 2017, as autoridades fizeram uma parceria com a agência de design francesa Faltazi para instalar mictórios públicos em áreas conhecidas pela micção abundante.

Sofrendo com o mesmo problema, o bairro Soho, localizado na região central de Londres, inventou uma tinta anti-xixi para tentar estancar o problema da micção pública.

O problema do xixi

(Fonte: AlenaKravchenko/Dreamstime/Reprodução)

Pouco mais de 3 mil pessoas habitam o distrito de Soho, no coração da capital britânica, cujas ruas lotam durante à noite com turistas e transeuntes que vão aproveitar a famosa vida noturna do local, que possui mais de 400 instalações licenciais para vender álcool.

Depois que amanhece, quem sofre com a situação deixada de uma noite de curtição são os moradores. Ainda que eventuais copos de plástico e embalagens possam ser recolhidos facilmente, um inimigo ainda persiste, incrustado nas construções de tijolos aparentes: a urina.

(Fonte: SWNS/Reprodução)

O problema foi potencializado pela falta de banheiros públicos permanentes na região. Os dois banheiros subterrâneos restantes fecharam durante a pandemia e ainda não reabriram, sendo que há rumores de que um deles deve ser vendido e transformado em um bar.

Isso, aliado ao fluxo constante e falta de educação das pessoas sobre às problemáticas de urinar na rua, criou uma situação insustentável para quem mora na região e precisa conviver com o odor amoníaco.

Salvando Soho

(Fonte: Leon Neal/Getty Images)

As autoridades encontraram solução em uma chamada tinta anti-xixi, concentrada em uma lata em spray, que cria uma camada transparente repelente à água. Com essa proteção de superfície, a urina é espirrada de volta, acertando o infrator como uma forma de punição.

Em entrevista à agência de notícias AFP, a vereadora Aicha Less demonstrou a eficácia inovadora da capacidade de respingo da tinta usando uma garrafa de água.

A ideia é aplicar a tinta anti-xixi em pelo menos doze pontos badalados de Soho, que também sustentarão cartazes informando que aquele local foi pulverizado com a tinta sob a seguinte mensagem: “Esta parede não é um mictório”.

A iniciativa foi tomada depois que a Câmara Municipal de Westminster recebeu milhares de reclamações dos residentes do distrito, bem como de trabalhadores e operadores comerciais. Westminster gasta quase 1 milhão de libras anualmente em limpeza de ruas, incluindo lavagem especializada dos becos onde são há pontos focais de micção pública. A nova estratégia foi um esforço mais barato encontrado para o problema, mas tão eficaz quanto, depois que pesquisadores perceberam que autoridades locais na Alemanha tiveram sucesso.

O conselho também está considerando distribuir mais multas por micção pública, uma ofensa criminal que pode custar aos infratores entre 50 a 80 euros. Estandes temporários de mictório foram estabelecidos no mesmo local.