Estilo de vida
09/04/2023 às 12:00•3 min de leitura
Poucas décadas parecem inspirar tanta nostalgia quanto os anos 1980. Devemos parte desse fascínio a Stranger Things, que resgatou a estética desta época e voltou a popularizá-la.
Mas saiba que muita coisa que imaginamos sobre esse tempo está errada. Neste texto, trazemos quatro imprecisões que carregamos na memória!
(Fonte: Getty Images)
Um look icônico desta década é o famoso mullet, aquele penteado alongado atrás e mais curto nas laterais. Aqui no Brasil, ele ainda teve uma variação hilária chamada "cabelo de Chitãozinho e Xororó" – uma moda em que se usava o cabelo comprido embaixo e repicado em cima.
Mas o que você talvez não saiba é que não se usava o termo mullet nos anos 1980. Esta expressão só começou em 1994, quando os Beastie Boys lançaram uma música chamada "Mullet Head". Desde então, o penteado passou a ser nomeado desta forma, mas de forma debochada.
(Fonte: Getty Images)
Qualquer criança dos anos 1980 deve lembrar de receber a orientação de seus pais sobre pessoas que davam balas com drogas na porta das escolas, ou sobre jamais conversar com um estranho.
Pois bem, havia uma cultura muito forte, chamada nos Estados Unidos de stranger danger, que recomendava o medo a pessoas desconhecidas. Mas será isso era justificado, e realmente as crianças estavam mais vulneráveis naquele tempo?
E a resposta é: não. Estatisticamente, esta não foi uma década com mais sequestros e raptos de crianças do que outras. Contudo, houve um discurso vigente que estimulava este tipo de temor. Um momento marcante ocorreu no início da década de 1980, quando várias crianças desapareceram.
Entre elas, estavam dois meninos chamados Johnny Gosch e Eugene Wade Martin, cujo desaparecimento foi amplamente noticiado pela mídia. Isso gerou uma onda de exploração de sequestros. Em 1983, foi feito um filme sobre o sumiço de uma criança chamada Adam Walsh. Quando o filme passou na TV, mais de 38 milhões de espectadores assistiram ao mesmo tempo!
Além disso, essa cultura do medo se espalhava em outros lugares. Os desenhos animados continham avisos para as crianças recomendando que não falassem com estranhos, e os rostos dos desaparecidos eram colocados nas caixas de leite, levando o medo do sequestro diariamente para a casa das famílias.
Wall Street - Poder e Cobiça (1987). (Fonte: 20th Century Studios/Reprodução)
Muitos filmes retrataram os anos 1980 como a época da ganância dos jovens executivos que estavam lucrando muito, e vivendo uma vida alucinada à base de drogas como cocaína. Basta lembrar, por exemplo, de obras como Psicopata Americano (2000) e O Lobo de Wall Street (2013). Até Madonna bombava com a música "Material Girl". Não por acaso, um dos apelidos dados à época é "a década do eu".
Mas será que as pessoas eram mais sedentas por dinheiro do que agora? Provavelmente não. Uma forma de analisar isso é contabilizando a quantidade de caridade que foi feita nesta época. No ano 1980, os norte-americanos doaram cerca de US$ 65 bilhões para instituições de caridade. Já no fim dessa década, o valor havia crescido para US$ 100 bilhões.
Ou seja, as doações cresceram 68%. Isso quer dizer que elas doavam mais porque recebiam mais? Para responder isto, surge outro dado: o gasto médio com o consumo individual cresceu cerca de 48% neste período, ou seja, menos do que a quantidade de doações.
(Fonte: Getty Images)
Nos anos 1980, falava-se muito mais sobre os prejuízos à camada de ozônio. E vários cientistas colocaram a culpa dos danos no clorofluorcarbonos, ou CFC, que é um produto químico usado em sprays de cabelo, desodorantes e ares condicionados.
Muita gente era cobrada para deixar de usar desodorante em spray, por exemplo, pois estaria danificando a atmosfera. Só que a pesquisa científica em torno dessa substância foi feita nos anos 1970, fazendo com que o CFC nos aerossóis já fosse proibido nos anos 1980. Portanto, certamente as axilas e os penteados arrojados dessa década não contribuíram para aumentar o buraco da camada de ozônio.