Geração Z está bebendo cada vez menos, diz pesquisa

01/08/2023 às 08:002 min de leitura

A ideia que costumamos a ter da adolescência e do início da vida adulta é que essa é a fase em que mais cometemos excessos, como noitadas e bebedeiras. Certo? Aparentemente, isto não é verdade no caso da chamada geração Z, que compreende os jovens nascidos entre a metade da década de 1990 e o ano de 2010.

Pesquisas mais recentes têm mostrado que essa é uma geração que prefere não exagerar no álcool e voltar para casa cedo. E os especialistas estão tentando agora entender o porquê.

Um retrato do consumo da geração Z

(Fonte: GettyImages)(Fonte: GettyImages)

Os dados foram levantados pelo relatório Covitel 2023, que aborda os hábitos de saúde dos brasileiros. A pesquisa envolveu 9 mil pessoas em capitais e cidades do interior localizadas nas cinco regiões do país.

O que ela constatou é que, após a pandemia, a parcela de jovens entre 18 e 24 anos que bebe álcool pelo menos três vezes por semana decaiu bastante: de 10,7% para 8,1%. Além disso, há um aumento no número de jovens que dizem nunca consumir álcool.

O que chama a atenção é que esta é a primeira vez na pesquisa em que os jovens não são o grupo com maior incidência no consumo regular de álcool. Eles foram superados pelo grupo entre 45 e 54 anos (9,1%) e entre 55 e 64 anos (8,7%).

Observa-se que este resultado se repete entre jovens do mundo todo. Na Europa Ocidental, por exemplo, 23% dos jovens entrevistados para uma pesquisa de 2022 disseram que nunca consomem álcool.

Padrões de comportamento dessa geração

(Fonte: GettyImages)(Fonte: GettyImages)

Os estudiosos da sociedade (como antropólogos e sociólogos) estão nos últimos anos se debruçando na compreensão de como seria essa nova geração. De modo geral, o que tem sido constatado é que eles são mais "conservadores" em relação à geração anterior, os millennials.

Isso se revela, por exemplo, no campo do trabalho e do consumo. "Mais de 78% deles pensam duas vezes antes de comprar e 70% acham importante ter emprego com carteira assinada", declarou ao UOL Tracy Francis, sócia da Mckinsey, empresa americana que realizou um estudo com cerca de 2.300 jovens. Ela afirma que esta geração também prefere evitar conflitos a enfrentar os pais.

Já Mariana Santiloni, gerente da WGSN, empresa que analisa comportamentos de consumo, afirmou: "enquanto outras gerações podem beber álcool para desestressar, a geração Z está se tornando mais sóbria. Está priorizando a saúde e o bem-estar nas bebidas, procurando por ingredientes e marcas 'limpas'", falou ao G1. Assim, esta geração estaria preferindo consumir produtos mais saudáveis, como cervejas sem álcool ou chocolates com mais cacau. 

Este comportamento que pode ser visto como mais "careta" por alguns tem se tornado cada vez mais padrão. No Reino Unido, por exemplo, estão na moda festas que terminam antes da meia-noite, possibilitando que estes jovens possam ter uma boa noite de sono.

E, segundo Santiloni, este tipo de comportamento também seria uma consequência do cansaço trazido pela pandemia de covid-19. Ela explica que este evento de saúde mundial "acelerou o interesse em manter uma boa saúde e aumentar a imunidade; reduzir ou eliminar o álcool fazia parte disso, assim como beber em casa em 2020", apontou ao G1.


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