Artes/cultura
09/01/2024 às 02:00•2 min de leitura
Os danos causados pelo hábito de fumar são amplamente reconhecidos na saúde humana. No entanto, uma nova pesquisa liderada pela veterinária Deborah Knapp, da Universidade Purdue, nos Estados Unidos, revela que o contato com a fumaça do cigarro, mesmo que seja apenas residual nas roupas após permanecer em ambientes enfumaçados, pode prejudicar a saúde dos cães.
Ao estudar 120 terriers escocêses durante três anos, a pesquisa descobriu que os cães expostos à fumaça do cigarro tinham seis vezes mais chances de desenvolver câncer de bexiga em comparação àqueles não expostos.
(Fonte: Divulgação New Atlas/Universidade Purdue/Rebecca Robinos)
Para avaliar a exposição à fumaça, a equipe de pesquisa utilizou questionários preenchidos pelos proprietários e análise da urina dos cães em busca de cotinina, um alcaloide encontrado no tabaco e também o metabólito predominante da nicotina, normalmente usado como um biomarcador para exposição à fumaça do tabaco.
Surpreendentemente, alguns cães apresentaram cotinina na urina mesmo quando seus proprietários não fumavam, levando os pesquisadores a suspeitar que os cães podiam absorver a substância cheirando ou lambendo as roupas contaminadas. Esse achado destaca a importância de conscientizar os donos sobre os potenciais riscos para a saúde de seus animais de estimação.
(Fonte: Getty Images)
Os terriers escoceses foram escolhidos como protagonistas dessa pesquisa devido à sua predisposição genética de desenvolver câncer de bexiga em comparação com outras raças. Essa escolha estratégica permitiu à equipe de pesquisadores estabelecer uma base sólida para o estudo e concentrar-se em uma área específica de desenvolvimento de câncer. Como resultado, houve um aumento de seis vezes nas taxas de câncer com a exposição ao fumo, adicional à predisposição da raça.
A pesquisa também confirmou e considerou estudos anteriores apontando que exposição a pesticidas, tratamentos contra pulgas, shampoos, infecções do trato urinário e a residência próxima a pântanos, aumentam os riscos de câncer de bexiga em terriers escocêses. Essas descobertas destacam a complexidade de como os fatores ambientais podem contribuir para a saúde canina e, por extensão, fornecer informações valiosas sobre riscos ambientais em humanos.
(Fonte: Getty Images)
Os cães, devido à sua vida mais curta, podem ser considerados "sensíveis alertas" para riscos ambientais em humanos. Enquanto condições relacionadas a carcinógenos em humanos podem levar décadas para se manifestar — como o câncer —, nos cães, esses efeitos podem surgir em um curto período de um ano, por exemplo.
Os pesquisadores acreditam que essas correlações podem lançar luz sobre ligações entre carcinógenos e cânceres que também podem ser aplicáveis aos seres humanos, sublinhando a importância de proteger nossos amigos peludos de riscos evitáveis e, ao mesmo tempo, resguardar nossa própria saúde.