Ciência
18/08/2024 às 10:00•2 min de leituraAtualizado em 18/08/2024 às 10:00
Em novembro de 2009, o sistema de cavernas Nutty Putty, localizado perto de Pleasant Grove, Utah, foi palco de uma tragédia que marcou a história da espeleologia nos Estados Unidos. John Edward Jones, um jovem estudante de medicina, ficou preso em um dos túneis apertados da caverna e, após 28 horas de tentativas de resgate, foi declarado morto.
Descoberta em 1960 por Dale Green e seus amigos, a Nutty Putty Cave era conhecida por suas passagens estreitas e sinuosas, formadas ao longo de milênios pela ação de águas subterrâneas. A caverna, que recebeu seu nome devido à argila viscosa presente em suas paredes, tornou-se um destino popular para espeleólogos amadores e entusiastas da aventura.
Com cerca de 410 metros de túneis, a caverna atraía milhares de visitantes por ano, alguns dos quais eram inexperientes e mal preparados para os desafios impostos pelo terreno.
John Edward Jones, que havia crescido explorando cavernas em Utah com seu pai e irmão, decidiu revisitar essa antiga paixão em novembro de 2009. Naquela noite, acompanhado de seu irmão Josh e outros amigos, ele entrou na caverna Nutty Putty pela primeira vez.
Enquanto explorava, John decidiu entrar em uma passagem chamada Birth Canal ("canal de nascimento", em português), um túnel extremamente estreito que muitos evitavam por ser arriscado. Pensando que estava em uma área diferente da caverna, ele acabou ficando preso de cabeça para baixo num trecho do túnel de apenas 25 cm de largura e 45 cm de altura.
Ao perceber que não conseguia sair, a situação de John se tornou crítica. Preso de cabeça para baixo, ele tinha dificuldade para respirar, e a pressão sobre seus órgãos era intensa, principalmente o coração, que precisava bombear o sangue contra a gravidade. Diante desse cenário, os serviços de resgate foram chamados.
As equipes de resgate tentaram de tudo para libertá-lo, utilizando sistemas de polias e cordas. Porém, devido à posição de John e à instabilidade da rocha ao redor, as tentativas falharam. Durante as quase 28 horas em que ficou preso, John conversou com os socorristas e familiares, tentando manter a calma, mas sua condição piorava.
Com o passar das horas, John começou a sofrer de dificuldades respiratórias e exaustão. Em certo momento, um dos equipamentos de resgate se soltou, fazendo com que ele deslizasse ainda mais na passagem. Pouco depois, John perdeu a consciência.
A operação de resgate envolveu 137 voluntários que, durante mais de um dia, tentaram libertá-lo. No entanto, as condições na caverna, como a argila solta nas paredes, tornaram as operações de salvamento extremamente difíceis e perigosas. Em um momento, uma das polias usadas para tentar puxar John se soltou e feriu gravemente um dos socorristas.
Apesar dos esforços incansáveis da equipe de resgate, John não resistiu e foi declarado morto pouco antes da meia-noite do dia 25 de novembro de 2009. Sua morte foi causada por asfixia devido à posição em que estava preso, agravada pela dificuldade de respirar e pela pressão sobre seu corpo.
Após seu falecimento, as autoridades de Utah decidiram fechar a caverna permanentemente, selando-a com o corpo de John ainda dentro, transformando-a em um memorial natural.