Artes/cultura
30/10/2021 às 10:00•2 min de leitura
Pesquisadores dizem que novas informações sobre as ligações genéticas por trás da ingestão de alimentos, obesidade e diabetes podem levar tanto à prevenção quanto a tratamentos mais eficazes.
No maior estudo já feito para examinar como os fatores genéticos afetam escolhas alimentares e o consumo de alimentos de uma pessoa, cientistas identificaram mais de duas dezenas de regiões de sequências genéticas que podem afetar a ingestão de alimentos dos indivíduos.
(Fonte: Pixabay)
Os responsáveis pelo estudo publicado na revista Nature Human Behavior esperam que essa investigação ajude a encontrar novas estratégias de tratamento para conter a epidemia de obesidade. Segundo o estudo, o cérebro é influenciado por vários sinais que afetam o comportamento alimentar das pessoas e regulam o equilíbrio energético do corpo. Esses sinais, por exemplo, controlam o apetite e o gasto de energia em resposta aos níveis sanguíneos dos principais hormônios e nutrientes metabólicos.
Bioestatística na Universidade de Boston enquanto conduzia o estudo e agora professora associada ao Centro de Ciências da Saúde da Universidade do Texas, em Houston, Chloé Sarnowski diz que "a ingestão média diária de nutrientes e alimentos, um dos principais contribuintes da obesidade, é parcialmente influenciada por nossa genética".
(Fonte: Pixabay)
Quando falamos nesses casos, a variação genética pode levar à fome extrema — e, consequentemente, à obesidade. Foram analisados os principais nutrientes que o corpo precisa e usa em grandes quantidades — carboidratos, proteínas e gorduras —, para caracterizar melhor as regiões genéticas que influenciam as escolhas alimentares.
"Apesar da alta correlação entre [genética e] nossas escolhas alimentares, um número limitado de estudos genéticos integrou informações sobre preferências por diferentes nutrientes ou alimentos", relata Sarnowski.
"Pessoas com obesidade e diabetes são frequentemente estigmatizadas por fazerem escolhas alimentares não saudáveis. Embora a ingestão de alimentos seja moldada por muitos fatores, estudos anteriores mostraram que diferenças individuais herdadas contribuem para o que, quando, por que e quanto comemos", explica Jordi Merino, coautor e associado da pesquisa da Unidade de Diabetes do Hospital Geral e Centro de Medicina Genômica em Massachusetts, além de instrutor da Escola de Medicina de Harvard.
(Fonte: Pixabay)
Para a realização do estudo, os cientistas analisaram os genes e examinaram o consumo alimentar de 282.271 participantes de ascendência europeia do UK Biobank e do Cohorts for Heart and Aging Research in Genomic Epidemiology (CHARGE).
A partir desses dados, a equipe identificou 26 regiões genéticas associadas ao aumento da preferência por alimentos que contêm mais gordura, proteína ou carboidratos. No cérebro, esses genes influenciam áreas especializadas das células cerebrais, distribuídas pelo sistema nervoso central, que respondem a gorduras, proteínas e carboidratos.
"Quando essas áreas são ativadas, isso pode explicar por que as pessoas são mais propensas a preferir alimentos ou refeições com maior quantidade de gordura, proteína ou carboidratos", diz Merino.
(Fonte: Pixabay)
A descoberta dessas variantes genéticas pode ser usada em pesquisas futuras para determinar se a composição da dieta está relacionada à diabetes tipo 2, à obesidade e a outras doenças.
"Nossos resultados também podem ajudar a identificar pessoas com maior probabilidade de seguir recomendações dietéticas específicas para a prevenção da obesidade ou diabetes", acrescenta o também coautor da pesquisa Hassan Dashti, instrutor de anestesia, cuidados intensivos e analgésicos do Hospital Geral de Massachusetts e professor da Universidade de Harvard.
Se alguém tem maior suscetibilidade genética para preferir alimentos gordurosos, essa informação pode ser usada para ajudar esse indivíduo a escolher alimentos com maiores quantidades de gorduras saudáveis, em vez de recomendar outras abordagens de dietas que podem comprometer a adesão a essas intervenções.
A Associação Americana de Diabetes, o programa Horizon 2020 da Comissão Europeia, os Institutos Nacionais de Saúde, o Fundo Escolar de Pesquisa do MGH, a Fundação Novo Nordisk e a Fundação Lundbeck financiaram essa pesquisa.