O psiquiatra negro que mudou como as doenças mentais eram vistas

17/11/2021 às 13:002 min de leitura

Nascido em Salvador em 1872, Juliano Moreira entrou para a história como o psiquiatra responsável por revolucionar o tratamento de doenças mentais no Brasil. Durante sua vida, lutou incansavelmente para combater o racismo e acabar com a falsa ideia de que transtornos psicológicos estariam ligados à cor de pele.

Filho de mãe negra trabalhadora para aristocratas na Bahia — algumas biografias a descrevem como escrava, uma vez que a Lei Áurea só foi aprovada em 1888 —, o pesquisador teve seu trabalho homenageado em 2021 pelo Google no dia 6 de janeiro, data que marcou os 149 anos de seu nascimento.

Infância pobre e conquistas

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Conforme os relatos escritos sobre a vida de Juliano Moreira, ele cresceu em uma família muito humilde e precisou vencer inúmeros obstáculos para entrar na Faculdade de Medicina da Bahia, aos 13 anos de idade. Com somente 18 anos, o rapaz já estava formado e atuando como um dos principais médicos negros no Brasil, de acordo com a Academia Brasileira de Ciências.

Moreira começou então sua jornada pelo estudo do cérebro humano e, posteriormente, acabou sendo reconhecido como o fundador da disciplina de Psiquiatria no país. Contudo, apesar de todo o seu sucesso como cientista, o pesquisador volta e meia tem seu nome apagado dos currículos escolares no território brasileiro.

Humanização das doenças mentais

(Fonte: Wikimedia Commons)(Fonte: Wikimedia Commons)

Logo após se formar na universidade, Moreira se tornou professor de Psiquiatria na Faculdade de Medicina da Bahia, da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Como docente, dedicou boa parte de sua carreira à luta contra as teorias racistas que relacionavam a miscigenação às doenças mentais no Brasil.

Juliano também ficou marcado por ser a primeira pessoa no campo da Psiquiatria a implantar tratamentos humanizados para seus pacientes psiquiátricos. Em 1903, assumiu a direção do Hospício Nacional de Alienados, no Rio de Janeiro, onde aboliu o uso de camisas de força.

Além disso, pediu para que as grades de todas as janelas fossem removidas e passou a separar os pacientes adultos e as crianças. Dessa forma, poderia analisar a complexidade de cada paciente com a devida atenção, e seus objetos de estudo poderiam ter uma vida mais digna.

Reconhecimento científico

(Fonte: Internet/Reprodução)(Fonte: Internet/Reprodução)

Em homenagem a tudo que Juliano Moreira fez pelo campo científico, a Academia Brasileira de Ciências, da qual ele foi presidente por um período, o apontou como responsável direto pela aprovação da lei federal que garante assistência médica e legal a doentes psiquiátricos.

Nesse meio-tempo, também ajudou a fundar a Sociedade Brasileira de Psiquiatria, Neurologia e Medicina Legal, fato que permanece como um marco histórico para sua área de atuação. Enquanto era vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências, Moreira foi quem recebeu Albert Einstein em sua primeira visita ao Brasil.

Como era um nome importante da Psiquiatria brasileira, foi nomeado para representar o país em diversos congressos médicos pelo exterior. Durante essas viagens, chegou a palestrar na Europa e também atravessou o planeta até o Japão.

Em 1933, o cientista foi internado em um hospital de Petrópolis para o tratamento de tuberculose, mas acabou não resistindo à doença e morreu naquele ano. Logo após seu falecimento, um hospital psiquiátrico na Bahia foi batizado como Hospital Juliano Moreira, para eternizar suas descobertas, e permanece em funcionamento até os dias de hoje.

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