Ciência
11/01/2022 às 06:10•2 min de leitura
Neste mês, a humanidade se tornou testemunha de um feito científico incrível. Pela primeira vez, uma pessoa recebeu o transplante de um coração de um porco. Após três dias da cirurgia, o homem — que tem 57 anos e foi operado no Langone Health, da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos — está bem.
O paciente, um norte-americano chamado David Bennett, morador de Maryland, recebeu um órgão geneticamente modificado de um suíno. Os tecidos do porco não contêm mais uma molécula específica que causa rejeição praticamente imediata nos seres humanos.
David Bennett é o primeiro ser humano a receber o coração de um porco. (Fonte: VB)
Bennett é portador de uma doença cardíaca terminal e viu essa cirurgia experimental como o último recurso para continuar vivendo. Isto porque, de acordo com seus exames médicos, ele é inelegível para um transplante convencional de coração humano ou para o uso de uma bomba artificial que substitua o órgão.
A notícia — de que a cirurgia foi um sucesso e que, até o momento, o paciente está bem — é considerada um grande êxito científico, já que causa esperança pela diminuição da fila de espera por transplantes. Em 2021, um transplante de rim de um porco para um paciente humano já havia sido realizado. No entanto, este procedimento foi feito em uma mulher com morte cerebral e, por isso, não foi possível verificar a sua qualidade de vida após a cirurgia.
Até o momento, a cirurgia é considerada um sucesso. (Fonte: Plu7)
O tipo de cirurgia realizada em David Bennett tem um nome específico: chama-se xenotransplante, termo que designa o transplante de células, tecidos ou órgãos de uma espécie de animal para outra. O uso de válvulas cardíacas de porco para substituir as humanas já é uma técnica conhecida, mas agora os cirurgiões estão testando a substituição de órgãos inteiros.
O animal que cede o órgão é considerado transgênico, pois sofre uma mudança no seu padrão genético: ele recebe um ou vários genes humanos para se tornar compatível com o transplante. O porco é o animal escolhido para esses procedimentos justamente porque a anatomia de seus órgãos é muito semelhante à dos seres humanos.
O resultado da cirurgia, no entanto, só poderá ser avaliado a longo prazo, dependendo da evolução do quadro do paciente. O que se sabe, até o momento, é que o coração está desempenhando suas funções normais e que David Bennett está respirando sem aparelhos.
O diretor do programa de transplantes da Universidade de Nova York, Bartley Griffith, está esperançoso sobre o resultado da cirurgia. “O coração está funcionando e parece normal. Estamos muito animados, mas não sabemos o que o amanhã vai trazer. Isso nunca foi feito antes”, declarou ao jornal The New York Times.