Artes/cultura
26/01/2022 às 02:00•3 min de leitura
Eu, particularmente, gosto de vincular a cognição a uma singela percepção dos pormenores e nuances que captam a intenção, mas antes de me aprofundar nesse pensamento, saiba uma definição melhor para cognição a seguir.
Esses processos cognitivos incluem saber, pensar, lembrar, reconhecer, julgar, resolver problemas e tomar decisões. São funções de nível superior relacionadas à região frontal do cérebro e abrangem linguagem, imaginação, percepção e planejamento.
O desenvolvimento da cognição se dá por diversas maneiras, tendo o precursor genético como gatilho do genótipo para o fenótipo resultante, ou seja, uma pessoa de alto QI, se não sofrer prejuízos cognitivos ao longo do caminho da vida desde o nascimento, tende a desenvolver mais a cognição, como conto em meu artigo sobre a inteligência DWRI na coluna do TecMundo.
O desenvolvimento conta também com hábitos e suas variáveis, como alimentação, vícios, sono, esportes, leitura de livros, rede social, educação, traumas, cultura local, sequelas de doenças, lesões, entre outros fatores que fazem parte do ambiente em que a pessoa vive.
Pronto, até aqui já defini bem a cognição para um conhecimento mais objetivo e assertivo. Agora farei jus ao título e à intenção do texto, que é trazer a percepção singela para que as ações não sejam comprometidas.
Quando uma pessoa diz algo, ela fala porque pensa ter razão. Tem segurança em dizer, ensinar e passar adiante. E, como ouvintes ou leitores, devemos confiar no que se diz até que se prove o contrário, mas como podemos provar? Se tivermos conhecimento e se nossa cognição nos "avisar" de que algo está errado.
O problema é que, em uma era de narcisismo coletivo devido à cultura das redes sociais, muitos falam ou escrevem convictos na dissertação. Esse transtorno afeta a região frontal e emocional do cérebro, levando a uma percepção incoerente da certeza, pois o simples fato de se estar em um "palco" já traz satisfação a quem fala.
Porém, todos nós temos cognição. Ela pode ou não estar prejudicada, como potência, mas está lá. Você pode ter a cognição de nível 10 até 1, onde 1 acredita em tudo e não raciocina ou pesquisa os fatos, mas mesmo assim, ela está lá.
Portanto, quando afetada, deve-se forçar para buscar no inconsciente o raciocínio sobre o que aprender e avaliar. Os que estão em níveis mais altos conseguem, de imediato, ter uma percepção mais rápida da intenção e dos detalhes do que é dito avaliando as probabilidades.
Muitos influenciadores e palestrantes de redes sociais são pessoas "motivadoras" em quem, cognitivamente, sente-se a intenção e o charlatanismo. Veja bem, não estou generalizando, há muitos de grande competência, mas me refiro aos que podem ser incluídos como causadores da pandemia de fake news em todos os sentidos. Quanto maior o conhecimento que alguém tem, mais se encontram erros no que é dito e fica tudo por isso mesmo (a "liberdade de expressão" e leis os protegem), o que leva a nossa sociedade a uma necessidade maior de estudo para que o conhecimento seja crucial para não ser levado ao erro.
Hoje, torna-se crucial a neuroplasticidade e o desenvolvimento da cognição, pois ela está lá, funciona em todos, mas quanto mais desenvolvida, menos se é levado ao erro ou seria melhor viver no mundo da fantasia para ser feliz?
Finalizando, não podemos nos esquecer de sempre pensar bem antes de falar, já que qualquer erro pode definir o ser humano e, por mais que pense estar conseguindo convencer a massa, a cognição revela a intenção, e todos a temos.
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Fabiano de Abreu Rodrigues, colunista do Mega Curioso, é doutor e mestre em Ciências da Saúde nas áreas de Psicologia e Neurociências com o título reconhecido pela Universidade Nova de Lisboa; PhD em neurociência pela Logos University International/City University. É também mestre em Psicanálise pelo Instituto e Faculdade Gaio/Unesco; pós-graduado em Neuropsicologia pela Cognos em Portugal e em Neurociência, Neurociência Aplicada à Aprendizagem, Neurociência em Comportamento, Neurolinguística e Antropologia pela Faveni do Brasil. Conta com especializações avançadas em Nutrição Clínica pela TrainingHouse em Portugal, The Electrical Properties of the Neuron, Neurons and Networks, Neuroscience em Harvard (EUA). É bacharel em Neurociência e Psicologia pela Emil Brunner World University (EBWU) e licenciado em Biologia e História pela Faveni do Brasil; tecnólogo em Antropologia pela UniLogos (EUA); com especializações em Inteligência Artificial na IBM e Programação em Python na Universidade de São Paulo (USP); e MBA em Psicologia Positiva na Pontifícia Universidade Católica (PUC).