Ciência
22/03/2022 às 13:00•2 min de leitura
Em 2016, o médico nigeriano Oluyinka O. Olutoye surpreendeu a todos com um tipo de cirurgia que pouquíssimos profissionais do ramo da medicina estão aptos a fazer: a cirurgia fetal. Naquele ano, Olutoye operou um bebê no útero em um hospital infantil do Texas (Estados Unidos).
Com auxílio do doutor Darrell Cass, ambos lideraram uma equipe de 21 profissionais para remover um teratoma sacrococcígeo, um grande tumor do cóccix do bebê. O procedimento foi feito com 23 semanas de gravidez e demorou um total de cinco horas. Para isso, a criança foi removida do útero por 20 minutos e depois recolocada sem grandes complicações.
(Fonte: Shutterstock)
Quando a cirurgia fetal apareceu no mundo, ela era vista como algo muito controverso e com risco de mortalidade alto para mães e bebês. No entanto, os avanços tecnológicos, sobretudo com as técnicas cirúrgicas minimamente invasivas. Atualmente, existem dois grandes centros de pesquisa sobre esse segmento: o Eurofoetus (Europa) e a North American Fetal Therapy Network (Estados Unidos).
Por meio desses esforços coletivos, a cirurgia fetal expandiu seu alcance para tratar várias condições e tornou-se padrão de tratamento para certos distúrbios. Atualmente, a cirurgia fetal mais realizada é a fotocoagulação a laser fetoscópica de anastomoses placentárias na síndrome de transfusão feto-fetal, uma cirurgia para corrigir a distribuição desproporcional de sangue pela placenta compartilhada entre gêmeos.
Casos graves, se não tratados, muitas vezes levam à perda de um ou ambos os fetos. Com isso, essa cirurgia visa eliminar os vasos sanguíneos que estão causando os problemas de distribuição sanguínea e ajudar no desenvolvimento dos fetos. Por ter eficácia comprovada e alta taxa de sucesso, tornou-se um procedimento padrão.
(Fonte: Shutterstock)
É de se imaginar que o futuro do campo da cirurgia fetal seja brilhante caso tudo caminhe para o lado certo, embora ainda seja um setor cheio de incertezas. Para isso, não apenas melhorias nas tecnologias operatórias precisariam surgir, mas também da evolução de áreas afins, como neonatologia e medicina regenerativa.
Atualmente, alguns centros de saúde são capacitados para tratar muitos defeitos congênitos no útero através da cirurgia fetal, incluindo:
No entanto, o futuro real da cirurgia fetal está provavelmente na terapia com células-tronco e genética, que não apenas melhoraria os resultados para anomalias estruturais, mas também ampliaria nosso alcance e trataria distúrbios genéticos. Muitas dessas perspectivas ainda não ultrapassaram o campo da imaginação e, portanto, são apenas ideias em desenvolvimento.
Porém, caso a ciência progrida da maneira como nós imaginamos que ela irá, é bem provável que teremos cada vez menos bebês nascendo com deficiências congênitas e outros tipos de problema, fornecendo um futuro brilhante para o campo de cirurgia fetal.