Estilo de vida
22/11/2022 às 08:00•2 min de leitura
Pesquisadores da Universidade de Linköping (LiU), na Suécia, desenvolveram um novo tratamento para pacientes que apresentam cegueira da córnea em virtude do seu comprometimento com lesão ou doença. Segundo a SightLife, uma ONG que atua no acesso ao tratamento, há pelo menos 12 milhões de pessoas que sofrem com esse tipo de cegueira no mundo.
Além disso, estima-se que mais de um milhão de pessoas sejam afetadas pela condição anualmente. O que torna essa nova forma de terapia promissora é que 80% dos casos de cegueira desse tipo é tratável, mas que tanto a escassez de doadores de córneas quanto a dificuldade de obter o transplante dificultam o acesso ao procedimento necessário.
No experimento realizado, estudiosos se dedicaram a avaliar o potencial da córnea feita de colágeno do porco se apresentar como uma forma de intervenção mais acessível e eficiente para esse tipo de doença. Para isso, após a realização de ensaios in vitro em camundongos, coelhos e porquinhos-da-índia, foi realizada a implantação desse material em 20 pacientes no Irã e Índia, grupo em que 14 deles já tinham perdido completamente a visão.
A córnea à base de colágeno se destacou por ser menos invasiva, possibilitando uma recuperação mais rápida do paciente. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
Ao longo do período de 2 anos, pesquisadores observaram que a técnica possibilitou tanto a volta da visão quanto a inexistência de qualquer efeito colateral. Também foi avaliado que a espessura da córnea ficou maior, atendendo aos padrões normais, evidenciando esse resultado importante para a restauração da visão nesse procedimento menos invasivo em todos os participantes.
Para adoção nos casos mais graves, foi desenvolvido um método que permitiu remodelar o formato da camada da córnea sem remover o tecido já presente. De forma geral, a vantagem dessa forma de intervenção pode ser percebida por meio da adoção do colágeno livre de células, uma vez que evita o risco de rejeição, principalmente quando comparado ao transplante de córnea humana, e mesmo de outras complicações decorrentes do próprio processo de cicatrização.
Os pacientes participantes do estudo tinham uma doença chamada ceratocone, uma condição que prejudica a visão progressivamente enquanto provoca a redução na espessura da córnea, afetando sua estrutura e a projetando para fora do olho. Apesar de ter alta chance de cura nos seus estágios iniciais, essa enfermidade se apresenta hoje como uma das principais causas de cegueira em todo o mundo, sobretudo nos países subdesenvolvidos.
A córnea é uma camada externa transparente que envolve o olho, essencial para a visão. (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
Nesse sentido, a bioengenharia se mostra relevante ao utilizar um suprimento em maior abundância, uma vez que é obtido por meio da pele suína, além de ter possibilitado a elaboração de uma técnica que visa melhorar a resistência da nova camada ocular após a sua implantação.
Para assegurar isso, pesquisadores também se dedicaram a realizar procedimentos para promover melhorias no colágeno, visando torná-lo menos degradável e atender às certificações de boas práticas de fabricação, armazenamento e uso.
Inovadora, a córnea desenvolvida à base de colágeno suíno proporciona a transmissão da luz de forma muito semelhante à córnea humana e animou os estudiosos por apresentar estabilidade. O novo desafio, a partir de agora, é de realizar mais ensaios clínicos para que futuramente pessoas que estão na fila de espera tenham acesso ao novo tratamento.