Por que algumas músicas 'grudam' na cabeça mesmo depois de anos?

30/11/2022 às 02:002 min de leitura

Já se perguntou por que algumas músicas ficam na memória? Por que nos pegamos cantando quase inconscientemente algumas músicas mesmo sem perceber? A ciência pode nos dar a resposta para estas questões. Este acontecimento é chamado formalmente de "Síndrome da Canção Presa", ou, informalmente, "vermes de ouvido" (earworms, em inglês).

Como foi demonstrado, as músicas que geralmente ficam gravadas têm características comuns, tais como: são mais rápidas, com uma melodia bastante genérica e fácil de lembrar, mas com alguns intervalos únicos, como saltos ou repetições que a distinguem das demais. Outro fator importante se prende com o fato de, por terem estas características, passam mais vezes nas rádios e nos outros canais de mídia.

O Dr. Kelly Jakubowski, do Departamento de Música da Universidade de Durham, comprovou em estudo científico que realmente existem tipos musicais mais suscetíveis a este acontecimento, tais como o gênero pop e rap. Claro que ele não considerou as músicas brasileiras. Inclusive, este tipo de estudo mostrou aos cientistas que análises deste gênero ajudam a compreender como funcionam as redes cerebrais envolvidas na percepção, memória, emoções e pensamento livre.

Srini Pillay, investigadora em Harvard, também estudou o tema e concluiu que pessoas com TOC, ansiosas e estressadas têm mais probabilidade ao acontecimento — o cérebro estressado se agarra a uma ideia repetitiva e fica com ela. Além disso, pessoas com formação musical podem ser mais suscetível a esses "vermes de ouvido".

A Universidade de Dartmouth realizou um experimento social em que vários voluntários iriam ouvir uma música sem saber com antecedência qual seria. Os investigadores perceberam que quando o ouvinte reconhecia a música, o córtex auditivo continuava a trabalhar, relembrando a melodia. Por outro lado, quando o ouvinte não conhecia a música, a mente do sujeito ficava vazia. Para ocupar esse espaço, o cérebro começava a repetir o que tinha acabado de ouvir.

O mecanismo exato que causa este fenômeno no cérebro ainda não foi totalmente descoberto, mas pode passar muito pela nossa evolução enquanto humanos. Mesmo antes da escrita, tínhamos que passar informações adiante e as músicas eram um desses instrumentos para perpetuar histórias e conhecimento. Alguns cientistas acreditam que o cérebro humano se tornou altamente propenso a gravar informações faladas ou cantadas e associar algumas palavras a sentimentos e emoções que vão, mais tarde, ativar memórias.

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