Estilo de vida
24/02/2023 às 13:00•2 min de leitura
Os homens só tem duas opções para evitar uma gravidez indesejada: o uso de preservativos ou a vasectomia. Além disso, existem diversos tipos de pílulas anticoncepcionais — mas elas são tomadas pelas mulheres. Por serem baseadas nos hormônios, a maioria delas têm muitos efeitos colaterais e devem ser usadas continuamente.
Essa situação pode mudar no futuro, com o desenvolvimento de um anticoncepcional para homens. Uma pesquisa publicado em fevereiro de 2023, na renomada revista Nature, traz resultados bastante promissores. O remédio não é hormonal e teria poucos efeitos colaterais, além de ser utilizado sob demanda, tomando uma pílula antes do ato.
(Fonte: Getty Images)
Tudo começou quando os cientistas estavam estudando um remédio para uma doença rara nos olhos e descobriram que a substância também bloqueava uma enzima chamada adenilil ciclase solúvel (sAC, na sigla em inglês). Os homens que não produzem sAC são inférteis, já que a enzima é essencial para a movimentação dos espermatozoides até o óvulo.
Sem essa enzima, os espermatozoides não são capazes de nadar. Logo, tornam-se inúteis.
A partir daí, surgiu a ideia de testar a substância bloqueadora de sAC como anticoncepcional masculino. Nos testes com camundongos, uma única dose do remédio horas antes de acasalar impediu que eles engravidassem. Com o passar das horas, o efeito do remédio cessava — e, em 24 horas, todos estavam férteis novamente.
Ou seja, o bloqueador de sAC poderia ser tomado um pouco antes do ato, sem qualquer efeito de longo prazo na fertilidade. Ele age rapidamente, sendo revertido com rapidez semelhante. E outro estudo, de 2019, aponta que o maior problema para homens sem essa enzima é um risco de desenvolver pedras no rim.
Isso é muito diferente de outras drogas hormonais que estavam sendo testadas — ou mesmo daquelas que estão disponíveis para mulheres —, que demandam tratamento contínuo, levam muito mais tempo para fazer efeito e tem mais contraindicações. Também é bem diferente da vasectomia, que até pode ser revertida, porém é mais complicada.
(Fonte: Getty Images)
Os testes com camundongos foram muito promissores, mas o artigo na revista Nature explica que são apenas uma "prova-de-conceito": um primeiro teste em seres vivos, para provar que a ideia tem fundamento. Muitos outros testes são necessários: uma das próximas etapas é testar o remédio em coelhos, por exemplo.
Os testes em humanos, se tudo der certo, devem ocorrer só em 2025. Além disso, os autores salientam que o remédio busca evitar somente a gravidez — portanto, o preservativo continua sendo importante para evitar ISTs.