Artes/cultura
27/03/2023 às 11:00•2 min de leitura
O que você sente quando se depara com um longo corredor de hotel vazio? Alguma vez já se pegou, por exemplo, com o coração acelerado ou respirando pesado ao ser surpreendido por uma sensação estranha ao caminhar por um grande estacionamento silencioso e iluminado apenas por uma luz branca de emergência?
Essa sensação pode estar relacionada com a ideia de que espaços foram criados para conter vida e o fato de não haver nenhuma além da sua causa uma sensação para além da estranheza. Essa cautela — ou medo, ou fobia — é consequência do fenômeno dos espaços liminares.
(Fonte: The Atlantic/Reprodução)
Para entender o que são os espaços liminares, é necessário saber que eles são descritos de maneiras diferentes e podem ter intenções diversas. Alguns psicólogos entendem os espaços liminares como um local de transição física, como um corredor, escada, estacionamento ou terminal de aeroporto; e que causam desconforto pelos pensamentos intrusos e as futuras possibilidades formuladas pela mente. Pode ser que eles estejam vazios porque as pessoas morreram, ou porque estão reclusas em um mundo pós-pandêmico ou apocalíptico.
Essas sensações de desconforto podem estar associadas ao que é chamado de efeito "Vale da Estranheza", um sentimento de repugnância ao se deparar com algo próximo do humano, mas não totalmente, ou próximo do real, mas não completamente. Em outras palavras, quem nunca se assustou com um manequim? Eles parecem humanos o suficiente em sua forma geral, mas não são convincentes o bastante para não parecerem assustadores.
O filme M3GAN, que se tornou um sucesso recentemente, é bom exemplo de como androides podem causar desconforto, porque eles não são nem uma coisa, nem outra. Seguindo essa lógica, uma das maneiras como os espaços liminares são interpretados é o fato de produzirem o mesmo tipo de resposta pelo mesmo motivo. Ou seja, são lugares confortáveis que, na nossa mente, se tornam desconhecidos e, por consequência, ameaçadores.
(Fonte: Behance/Reprodução)
Por outro lado, o padre franciscano Richard Rohr dizia que esses lugares que conectam a outros são metáforas para sinalizar períodos de transição, enquadrando o espaço liminar em algo menos tangível e mais emocional.
Esse é o espaço liminar psicológico, que pode ser reconhecido desde um momento de transição de vida até uma mudança entre duas formas de pensar. A psicologia também chama isso de "estados liminares" e essa diferenciação reconhece os aspectos mentais e, muitas vezes, os desafios envolvidos em estar empacado entre esses lugares.
(Fonte: Transition and Thrive/Reprodução)
Uma vez que o cérebro humano primitivo foi treinado para evitar qualquer situação de imprevisibilidade, quando nos encontramos em espaços liminares, muitas vezes experimentamos sentimentos de ansiedade.
A literatura médica entende que há dois tipos principais de espaços liminares psicológicos: o emocional e o metafórico. O estado metafórico tende a acompanhar as transições ou marcos da vida, como a ida da vida adolescente para a adulta. Já o espaço liminar emocional é descrito como o tempo entre o fim de uma parte da vida da pessoa e o início da próxima fase.
Independentemente das descrições do que espaços liminares podem ser, é certo que a mente resiste, a princípio, em confrontar o desconhecido.