Artes/cultura
05/05/2023 às 12:00•2 min de leitura
Muito mais forte do que a maconha e com potencial para matar com apenas um uso. Estas são algumas das características do K9, droga que tem ganhado popularidade entre as pessoas que frequentam a região da cracolândia, em São Paulo (SP), e chamado a atenção das autoridades de saúde.
Descrita pela International Police Associaton como “maconha sintética”, ela consiste em uma combinação de moléculas de delta-9-tetrahidrocanabinol (THC), o princípio ativo da maconha, com produtos químicos. A mistura pode ser pulverizada em ervas secas, se disfarçando como um produto natural, mas também há quem fume e cheire a substância.
Apesar da aparência, a droga sintética igualmente conhecida como K2, K4, spice, black mamba, cannabis blends ou high legal, e não tem relação com a maconha convencional. Ela potencializa os efeitos da versão natural e pode ser fatal, dependendo da quantidade usada.
(Fonte: Getty Images)
Cerca de 100 vezes mais potente do que a maconha, a droga K9 surgiu no início dos anos 2000, tendo como base os canabinoides sintéticos. O composto, criado em laboratório, tem sido utilizado até mesmo por crianças e adolescentes, trazendo uma série de efeitos nocivos para o organismo.
De acordo com o Instituto Nacional de Abuso de Droga dos Estados Unidos (NIDA), ela gera sintomas que vão do relaxamento aos pensamentos suicidas. Uma das consequências do uso exagerado da K9 é o "efeito zumbi", chamado assim devido ao estado em que a pessoa pode ficar.
A “supermaconha”, outro nome pelo qual o entorpecente atende, atua nos mesmos receptores que o THC. A diferença é que os efeitos são mais fortes entre os usuários da nova droga, fazendo com que eles deixem de perceber os estímulos externos. O tweet abaixo explica, de forma descontraída, um pouco mais sobre a substância:
VOCÊ JÁ USOU K9? Não, não é o telefone da LG
— Senta (@sentomesmo) March 29, 2023
Tem gente que diz que transforma as pessoas em zumbi, mas n é bem assim não..
E precisa de cuidado na balada ao aceitar aquele tabaquinho dos amigos pic.twitter.com/5CMps8nBt2
Quem usa a K9 pode sentir confusão mental, percepção alterada, humor elevado e até mesmo uma sensação de calma. Porém, existe a chance de que surjam efeitos psicóticos fortes, como paranoia, alucinações e ansiedade extrema, deixando o usuário desnorteado.
Considerados altamente viciantes, os canabinoides sintéticos também propiciam o surgimento da depressão, em alguns casos. Outros riscos associados às “drogas K” são hipertensão arterial, pânico, convulsões, agitação, náuseas e comportamento violento, além da overdose.
Dados da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo indicam que o número de casos suspeitos de intoxicação por K9 mais que dobraram na capital paulista. No ano passado, foram 98 registros, contra 216 apenas nos primeiros meses de 2023.
O potencial devastador da K9 também chamou a atenção do Primeiro Comando da Capital (PCC). De acordo com a Polícia Civil, a facção chegou a proibir a venda da maconha sintética na cracolândia, mas posteriormente decidiu aprovar a comercialização do produto nos pontos em que controla, desde que o consumo não ocorra nestes locais.