1ª pílula para depressão pós-parto está quase pronta para uso

10/08/2023 às 12:002 min de leitura

A primeira pílula oral especificamente projetada para tratar a depressão pós-parto foi aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos na última sexta-feira (04). Estudos indicam que uma a cada oito novas mamães sofrem dessa condição mental grave, que pode ser debilitante e fazer com que as mulheres se sintam ansiosas, retraídas, tristes e até suicidas. 

O medicamento, chamado por enquanto de zuranolona, será vendido sob a marca Zurzuvae. O remédio precisará de receita médica para ser consumido, sendo ingerido pelas pacientes uma vez por dia durante duas semanas. A expectativa é que a receita possa estar disponível nas farmácias norte-americanas em cerca de três meses.

Perigos da depressão pós-parto

(Fonte: GettyImages)(Fonte: GettyImages)

Embora as farmacêuticas ainda não tenham revelado quanto custará a zuranolona, somente a existência desse tipo de medicação já representa um momento histórico para a ciência. “A depressão pós-parto é uma condição séria e potencialmente fatal na qual as mulheres sentem tristeza, culpa, inutilidade — até mesmo, em casos graves, pensamentos de ferir a si mesmas ou a seus filhos”, declarou a diretora da Divisão de Psiquiatria da FDA, Tiffany Farchione. 

Em comunicado oficial, a pesquisadora ressaltou que a depressão pós-parto pode atrapalhar o vínculo que uma mãe tem com seu bebê, potencialmente trazendo consequências sérias para o desenvolvimento físico e emocional da criança. A nova pílula, que foi codesenvolvida pela Sage Therapeutics e pela Biogen, é a primeira de seu tipo no mundo.

Atualmente, a única forma existente de medicamento para esse tipo de transtorno psicológico é um gotejamento intravenoso de 60 horas, o qual deve ser administrado em um consultório ou hospital. Esse foi o primeiro remédio para depressão pós-parto existente, aprovado pela FDA ainda em 2019. Contudo, seu alto custo de até US$ 34 mil dificultaram sua popularidade no país.

Tratando o transtorno

(Fonte: GettyImages)(Fonte: GettyImages)

Tanto a nova pílula desenvolvida quanto o gotejamento intravenoso de 60 horas contêm uma versão sintética da alopregnanolona, uma substância química que ocorre naturalmente no corpo humano. No entanto, durante a gravidez, os níveis de alopregnanolona aumentam consideravelmente e caem drasticamente após o parto.

Pesquisadores acreditam que essa queda repentina da substância pode contribuir para que os sintomas de depressão pós-parto apareçam. Portanto, esses medicamentos visam aumentar novamente os níveis de alopregnanolona no organismo, ajudando a aliviar a condição.

Estudos clínicos feitos com a zuranolona mostram que mulheres que tomaram a pílula perceberam alívio de seus sintomas em comparação com aquelas que tomaram um placebo. Após 14 dias de tratamento, 57% das participantes que haviam ingerido o medicamento observaram melhora de 50% ou mais em seus sintomas.

A pílula passa a agir no corpo humano após três dias de uso e seus efeitos duram até 45 dias após o termino do tratamento. No entanto, médicos alertam que drogas como essas não são uma solução universal para mulheres que sofrem de depressão pós-parto. O remédio foi testado unicamente em casos graves, o que significa que não se sabe ao certo como ele age em pessoas com depressão leve ou moderada.

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