Ciência
19/08/2023 às 14:00•2 min de leitura
O primeiro estudo na história a comparar a absorção de produtos menstruais utilizando sangue humano sugeriu que coletores menstruais tendem a ser melhores do que absorventes tradicionais e absorventes internos (OB).
A descoberta feita por pesquisadores da Universidade de Oregon, nos Estados Unidos, também pode ajudar médicos a avaliar melhor se o sangramento menstrual intenso pode ser um sinal de problemas de saúde subjacentes, como distúrbios hemorrágicos ou miomas.
(Fonte: Getty Images)
Para medir o quanto um produto menstrual consegue absorver de sangue, os fabricantes tradicionalmente usam uma solução salina (água e sal) para estimar quantidades. Embora o sangue menstrual seja mais viscoso que essa solução e inclua células sanguíneas, secreções e tecido do revestimento endometrial derramado, continua sendo um bom teste.
Contudo, para dificultar esse processo, não há qualquer regulamentação dentro da indústria que torne necessário uma marca anunciar o quanto de absorção seu produto tem. Para entender melhor esse processo, os pesquisadores mediram a capacidade de 21 produtos de higiene menstrual usando glóbulos vermelhos concentrados.
Os resultados, publicados no BMJ Sexual & Reproductive Health, sugeriram que, em média, coletores menstruais eram capazes de conter mais sangue de forma geral do que seus concorrentes. Caso uma mulher sangre mais que essa quantidade durante sua menstruação, seria clinicamente considerado perda excessiva de sangue e necessitaria investigação médica.
(Fonte: Getty Images)
Os estudos demonstraram que absorventes e OBs, em geral, conseguiam conter quantidades semelhantes de sangue (20 a 50 ml). Enquanto isso, as chamadas calcinhas absorventes só conseguiam segurar uma pequena quantidade de 2 ml de menstruação.
Conforme os pesquisadores, existe uma grande incompatibilidade entre a capacidade absorvente relatada pelas empresas e a realidade de seus produtos, sendo que a grande maioria tinha capacidade inferior ao divulgado. Dessa forma, foi constatado que coletores menstruais são mais eficientes para quem passa por fluxos intensos de menstruação.
Contudo, a autora do estudo, Bethany Samuelson Bannow, destacou que, apesar de sua pesquisa sugerir um caminho, é preferível que mulheres com menstruações intensas busquem auxílio médico para descobrir o que pode ser feito para reduzir o sangramento em vez de tentar encontrar produtos mais convenientes.
(Fonte: Getty Images)
Na visão de Bannow, entender a diferente capacidade dos produtos menstruais pode ajudar os médicos a estimar se uma pessoa precisa de mais exames ou tratamentos, uma vez que o sangramento menstrual excessivo pode colocá-la em risco de anemia ou sugerir outros problemas médicos adjacentes.
Os estudiosos também esperam que tal estudo dê início a um movimento para padronizar a capacidade de absorção entre as companhias que atuam dentro desse segmento, de forma que as consumidoras possam tomar melhores decisões sobre em quais marcas devem gastar seu dinheiro.
Caso fossem alertadas sobre a capacidade de absorção de um produto, é bem provável que diversas mulheres não tivessem que enfrentar certos incômodos durante o período menstrual.