Estilo de vida
27/09/2020 às 10:00•2 min de leitura
Uma pesquisa recente, publicada na última quinta-feira (24) em formato de artigo no periódico científico Science, descobriu que os pássaros possuem um cérebro bem mais semelhante ao humano do que imaginávamos até agora. Durante muito tempo, membros da área da biologia presumiram que o órgão das aves possuía funções limitadas, justamente por não terem o neocórtex — as áreas mais desenvolvidas do córtex, mas estavam errados.
Nos mamíferos, o neocórtex é a camada externa volumosa e evolutivamente moderna do cérebro que permite o desenvolvimento da cognição e da criatividade, constituindo a maior parte do que, nos vertebrados em geral, é chamado de pálio.
Com o novo estudo, foi possível perceber e analisar que os pássaros, de fato, possuem uma estrutura cerebral que pode ser comparada ao neocórtex, apesar de essa estrutura ser apresentada e configurada de uma forma diferente. Em nível celular, no entanto, essa região do cérebro das aves é muito parecida com a do órgão humano. Nesse sentido, isso pode explicar por que muitos pássaros exibem comportamentos e habilidades avançadas e que, de alguma forma, já conseguiram confundir os cientistas em muitas ocasiões.
Onur Güntürkün, autor sênior da pesquisa e também neurocientista da Ruhr University Bochum, na Alemanha, escreveu em um dos artigos, junto a seus colegas, que analisaram regiões do cérebro das aves que estavam envolvidas no processamento de som e visão. Os pesquisadores descobriram que, tanto em pombos quanto em corujas, essas regiões cerebrais são construídas de maneira muito semelhante ao nosso neocórtex.
“Agora podemos afirmar que essa organização em camadas semelhante a um córtex é, de fato, uma característica de todo o prosencéfalo sensorial na maioria, senão em todas, as aves”, afirmou Martin Stacho, coautor do estudo e colega de Güntürkün na Ruhr University Bochum, por meio de um comunicado.
Outras pesquisas realizadas no mundo já observaram um alto grau de inteligência nos pássaros. Com bastante treinamento, alguns pombos podem distinguir as obras de Picasso e Monet, por exemplo. No Japão, alguns corvos já deixaram intencionalmente algumas nozes na faixa de pedestres de um campus universitário esperando que o tráfego cotidiano as quebrasse.