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28/09/2022 às 10:00•2 min de leitura
Imagine a cena: um cientista põe um macaco em frente a um computador na esperança de o primata começar a digitar teclas aleatoriamente. Supondo que o animal não vá simplesmente destruir o equipamento (seja com pancadas, fezes ou urina), a ideia é registrar cada tecla pressionada e verificar se, por total acaso, dali sai algo legível.
É provável que o macaquinho apenas pressione teclas aleatórias, resultando em linhas sem sentido. Mas e se ele pudesse fazer isso para sempre? Melhor ainda: e se o experimento fosse realizado um número incontável de macacos, e não com apenas um? Qual seria o resultado?
É exatamente esta a ideia por trás do Teorema dos Infinitos Macacos. Publicada pela primeira vez em 1913 pelo matemático francês Émile Borel, a teoria sugere que, por exemplo, um conjunto infinito de primatas digitando teclas aleatoriamente em uma máquina de escrever poderia, em um tempo infinito, escrever a obra completa de William Shakespeare.
Teoria supõe que infinitos macacos pressionando teclas aleatórias infinitamente podem escrever obras literárias completas
Obviamente, tudo isso são apenas metáforas, mas a ideia por trás da teoria é bastante interessante: o Teorema dos Infinitos Macacos sugere que, com recursos e tempo suficientes, qualquer problema pode ter solução.
Em 2011, o programador americano Jesse Anderson resolveu testar a ideia usando programas de computador. Ele criou um milhão de pequenos softwares, que neste caso seriam os tais "macacos", e os programou para gerar sequências de nove caracteres aleatórios. Sempre que uma destas sequências batia com o conteúdo de um texto de Shakespeare, ela era marcada e adicionada a uma pilha de resultados positivos. O projeto levou um mês e meio para concluir a obra do escritor inglês.
Ainda que não tenha exatamente replicado o teorema, o experimento de Anderson mostrou potencial para, por exemplo, ser aplicado em questões como o Sequenciamento de DNA.
O Teorema do Macaco Infinito pode ser aplicado em questões como por exemplo o Sequenciamento de DNA
Hoje, a teoria já vem sendo aplicada em diversos setores como computação e gerenciamento de projetos, por exemplo. O SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence) também é adepto da ideia por trás do teorema, alocando recursos — no caso, computadores de usuários comuns como você e eu — ao redor do mundo para analisar sinais de rádio em busca de vida inteligente fora da Terra.
Outra área que vem utilizando a teoria é a de Inteligência Artificial. Com o avanço da tecnologia, o poder de processamento dos computadores atuais já permite a softwares aplicarem os conceitos do Teorema do Macaco Infinito para criar música e até mesmo imagens realistas, por exemplo.