Ciência
13/01/2023 às 08:00•1 min de leitura
Em um estudo feito na Universidade Federal Rural da Amazônia, pesquisadores descobriram que o jaborandi selvagem oferece um potencial maior para o tratamento do glaucoma do que aqueles cultivados pela indústria farmacêutica.
A planta, que produz naturalmente o princípio ativo capaz de reverter esse problema ocular, encontra na natureza condições muito melhores do que em ambiente controlado, chegando a produzir três vezes mais essa substância.
O jaborandi é a única fonte natural de pilocarpina (Fonte: Shutterstock)
Os resultados foram encontrados depois que os pesquisadores coletaram amostras de 82 plantas espalhadas pela Floresta Nacional do Carajás, no Pará, além de analisarem também o solo da região onde cresciam os vegetais.
Eles concluíram que existe uma relação direta entre alguns nutrientes e a quantidade de pilocarpina produzida. A presença de minérios, como ferro, manganês e compostos nitrogenados são particularmente importantes para o cultivo da espécie.
O nome científico do jaborandi é Pilocarpus microphyllus. Essa planta nativa do Brasil está, atualmente, ameaçada de extinção por conta do avanço do desmatamento na região da floresta amazônica.
Ela tem enorme importância para as farmacêuticas, já que é a única fonte natural no mundo de pilocarpina, molécula usada no tratamento do glaucoma, um distúrbio associado a lesões do nervo ótico que pode levar à perda da visão.
A espécie também é importante para comunidades da região, responsáveis pela colheita das folhas, vendidas para as indústrias interessadas em extrair os produtos naturais.
Esses são alguns dos motivos que chamam a atenção para a necessidade da sua preservação. Os resultados apresentados pelo estudo apontam na direção do manejo sustentável como a melhor forma de aproveitar o recurso.
Em comunicado publicado pela Agência Bori, os autores do trabalham explicam que "encontrar 2,2% de pilocarpina é um teor três vezes mais do que é encontrado na indústria química quando cultiva essa espécie". Por isso farmacêuticas, como a Merck, acompanham de perto a pesquisa.