Estilo de vida
30/01/2023 às 12:00•2 min de leitura
Cientistas descobriram recentemente uma nova estrutura anatômica encontrada em nosso cérebro e da qual até agora não tínhamos conhecimento de sua existência. Embora esteja desde sempre ali, dentro de nossa cabeça, só agora sua presença foi descoberta.
Trata-se de um tecido fininho, uma membrana que envolve o cérebro e mantém o fluido cerebrospinal (também conhecido como líquido cefalorraquidiano ou liquor) que circula dentro do cérebro separado do fluido "sujo" com resíduos deixados pelas células cerebrais.
Até então era sabido da existência de três membranas separando o cérebro da estrutura da caixa craniana, e agora com esta nova descoberta sobe para quatro o número de membranas protegendo a nossa massa cerebral. Esta nova estrutura recém-descoberta foi batizada como membrana subaracnoide linfática (SLYM, da sigla em inglês) e fica logo acima da membrana mais próxima do cérebro.
Extremamente fina, ela é composta por poucas células — em alguns casos, apenas uma célula — e em parte não havia sido identificada até então porque, após a morte, quando o cérebro é retirado do corpo para eventuais análises, esta membrana se dissolve.
Imagem mostra localização do SLYM entre as membranas já conhecidas do cérebro humano
Além disso, segundo Maiken Nedergaard, membro do Centro Médico da Universidade de Rochester em Nova York, nos Estados Unidos, essa camada é fina demais para ser facilmente vista mesmo em pessoas vivas com o uso de máquinas de escaneamento cerebral.
A novidade foi inicialmente descoberta em ratos de laboratório, quando o time de Nedergaard utilizou uma técnica que fazia com que as células SLYM brilhassem em um tom de verde fluorescente. Posteriormente, os cientistas também conseguiriam observar a membrana ao dissolver o crânio de corpos humanos doados para pesquisa.
Segundo o portal New Scientist, mais de uma década atrás, em 2012, Nedergaard ajudou a descobrir uma rede de finos tubos que faziam a coleta de resíduos fluidos das células cerebrais. Conhecido como sistema glinfático (assim mesmo, com G), esses tubinhos são capazes de fazer a drenagem para a saída de fluido cerebrospinal.
O material produzido pelas células do cérebro e separados para descarte, segundo Nedergaard, contém proteínas conhecidas como beta amiloides e tau que, quando excessivamente acumuladas, acredita-se estarem relacionadas à incidência da doença de Alzheimer.
Acúmulo excessivo de beta amiloides e proteínas tau podem causar doenças como Alzheimer
A descoberta também aponta que tanto em roedores quanto em humanos, o SLYM também contém que podem ser capazes de detectar sinais de infecção no fluido cerebrospinal —. Segundo o Dr. Nedergaard, o SLYM "é cheio de células imunes."
Marios Politis, da Universidade de Exeter, no Reino Unido, afirma que esta é "uma descoberta fascinante que terá implicações significativas para o nosso entendimento do sistema glinfático."
Torçamos agora para que as pesquisas continuem avançando e os cientistas possam encontrar novas maneiras de entender o funcionando do nosso cérebro e cada pedacinho e membrana que o envolve, aumentando as chances de se encontrar novas formas de tratamentos e até mesmo quem sabe a cura para certas doenças cerebrais.