Artes/cultura
20/06/2023 às 02:00•2 min de leitura
Um novo estudo feito por pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, descobriu que moscas-das-frutas expostas aos cadáveres de outras moscas de sua espécie tendem a envelhecer mais velozmente, morrer mais rapidamente e até mesmo serem evitadas por outras moscas.
Na visão dos cientistas, tal descoberta pode ajudar a revelar como a percepção de um animal pode influenciar sua saúde física. Inicialmente, o intuito dos estudiosos era descobrir se as moscas-das-frutas desenvolviam imunidade aumentada após entrarem em contato com moscas doentes. No entanto, a pesquisa acabou trazendo dados surpreendentes. Entenda mais sobre o caso!
(Fonte: GettyImages)
Ao perceberem que a morte de uma mosca tinha uma influência muito maior na vida de outros indivíduos de sua espécie do que anteriormente era entendido, os pesquisadores não tiveram dúvidas ao mudar o tema central do seu artigo. “Nosso laboratório há muito se interessa em saber como o cérebro controla o envelhecimento”, afirmou o biólogo da Universidade de Michigan Scott Pletcher ao The New York Times.
Para iniciar o experimento, os cientistas decidiram matar um grupo de moscas-das-frutas de come e posteriormente coletaram seus corpos. “Há um lugar muito especial no inferno das moscas para mim”, ironizou o autor do estudo, Christi Gendron. Após essa etapa, os cadáveres foram expostos à moscas-das-frutas vivas, que tiveram suas funções cerebrais registradas em laboratório.
De acordo com o documento publicado na revista PLOS Biology, a equipe registrou neurônios específicos ativados no cérebro das moscas ao verem outros membros de sua espécie mortos. A atividade no corpo elipsoide foi a que mais aumentou, que é uma parte do cérebro que processa qualquer informação visual.
(Fonte: GettyImages)
Como próximo passo, os pesquisadores optaram por usar corante fluorescente para isolar os neurônios específicos envolvidos no processamento da morte por parte das moscas-das-frutas vivas. Quando esses neurônios eram disparados durante a exposição à morte, as moscas perdiam gordura armazenada e morriam mais cedo do que deveriam.
Para deixar a análise ainda mais interessante, essas moscas expostas também ficaram "marcadas" fisicamente, sendo evitadas por outros membros de sua espécie — como se elas fossem um presságio da morte. Quando esses mesmos neurônios foram desativados em laboratório, a visão das moscas-das-frutas mortas não afetou o tempo de vida de outras moscas.
Na visão dos estudiosos, é possível que o fato de ver moscas-das-frutas mortas encoraje outras moscas a se reproduzirem mais rapidamente, o que encurtaria sua vida útil em prol do sucesso da espécie. O próximo passo desse teste é experimentar o impacto das interações sociais na expectativa de vida desses insetos.
Enquanto o planejamento não progride, a ideia é que os novos estudos nos aproximem da compreensão do impacto da percepção dos animais na sua saúde física e na longevidade, o que também poderia nos trazer uma visão sobre como esses mesmos fatores afetam os seres humanos.