Artes/cultura
15/07/2023 às 07:00•2 min de leitura
Os elefantes, aqueles gigantes graciosos da savana, têm uma característica surpreendente: raramente sofrem de câncer. E a resposta para esse mistério está, acredite ou não, nos seus testículos enormes e quentes.
Por mais estranho que possa parecer, os cientistas descobriram que essa peculiaridade pode ser a chave para entender porque esses magníficos animais são tão resistentes à doença. Tudo parece começar com uma proteína chamada p53. Essa pequena molécula tem um grande trabalho: proteger o DNA de danos que poderiam levar ao câncer.
Os humanos têm apenas uma cópia do gene que produz essa proteína, mas os elefantes possuem várias. E adivinha onde essas cópias extras são mais úteis? Sim, nos testículos dos elefantes.
(Fonte: Getty Images)
A história por trás dessa teoria curiosa remonta a um fenômeno chamado "paradoxo de Peto", descoberto pelo epidemiologista Richard Peto. Ele notou que animais grandes, com muito mais células suscetíveis ao câncer, não parecem ter um risco maior de desenvolver a doença do que animais menores. E os elefantes são o exemplo perfeito disso. Apesar de enormes, eles são estatisticamente menos propensos a ter câncer do que nós, humanos.
Aqui está a parte interessante: os elefantes têm 20 cópias do gene p53, enquanto nós temos apenas uma. Essa proteína age como uma detetive minuciosa, revisando constantemente o DNA à medida que as células se multiplicam, e eliminando aquelas com danos que podem se transformar em câncer. Com tantas cópias do gene p53, os elefantes têm uma espécie de "time de detetives" trabalhando incansavelmente para evitar que as células defeituosas se espalhem.
(Fonte: Getty Images)
Agora, por que os elefantes evoluíram com tantas cópias desse gene? A resposta está nos seus testículos. Diferentemente de muitos animais, que mantêm seus testículos do lado de fora do corpo para mantê-los frescos, os elefantes guardam os seus internamente. Isso significa que seus testículos têm o potencial de ficarem bem quentes, especialmente quando estão sob o sol africano. E você já sabe: o calor não é amigo dos espermatozoides.
É aí que entra a proteína p53 em ação. Com todas essas cópias extras, ela consegue proteger os espermatozoides do elefante do calor excessivo. É como se tivessem um exército de bombeiros prontos para combater o fogo que poderia destruir a saúde reprodutiva desses animais magníficos.
Mas por que uma característica específica se desenvolve em uma espécie em particular? Os cientistas têm algumas ideias. Além de proteger os espermatozoides do calor, as múltiplas cópias do gene p53 podem ter evoluído para garantir que os elefantes, como animais grandes que são, não sejam vítimas fáceis do câncer. Ou talvez seja uma combinação dos dois.
O fato é que essa descoberta pode abrir novas perspectivas sobre como um organismo pode se tornar anticâncer.