Ciência
26/08/2024 às 12:00•2 min de leituraAtualizado em 26/08/2024 às 12:00
A escolha entre praticar exercícios físicos e ceder à tentação alimentar é uma decisão comum que muitas pessoas enfrentam diariamente. No entanto, o que exatamente ocorre em nosso cérebro durante esse processo de decisão tem sido um enigma para a ciência.
Recentemente, pesquisadores da ETH Zurich descobriram que a orexina, uma substância química no cérebro, desempenha um papel crucial nessa decisão. O estudo foi publicado na revista Nature Neuroscience.
A orexina é um mensageiro químico no cérebro que está ganhando destaque na neurociência por seu papel na regulação de decisões relacionadas à atividade física e alimentação. Diferente de outros neurotransmissores como a dopamina, que são amplamente conhecidos por sua influência na motivação geral, a orexina parece ser especificamente importante na escolha entre se exercitar e comer.
Os pesquisadores realizaram experimentos com camundongos para investigarem como a orexina influencia na escolha entre exercício e alimentação. Eles criaram um ambiente onde os camundongos podiam escolher entre correr em uma roda de exercícios ou consumir um milkshake sabor morango.
Os animais foram divididos em dois grupos: um com o sistema de orexina intacto e outro com o sistema bloqueado. Os resultados mostraram que aqueles com o sistema intacto eram mais propensos a optar por se exercitar, enquanto os camundongos com o sistema bloqueado preferiam o consumo do alimento.
Curiosamente, quando os camundongos tinham apenas uma opção disponível — a roda de corrida ou o milkshake — o comportamento dos dois grupos não diferiu. Portanto, a orexina parece desempenhar um papel central na escolha entre alternativas concorrentes, influenciando qual delas será escolhida quando ambas estão presentes.
Essa descoberta pode abrir novas portas para combater a obesidade e promover a atividade física. A obesidade é um problema crescente em todo o mundo, afetando tanto adultos quanto crianças. Compreender como o cérebro decide entre o consumo de alimentos e a atividade física pode ajudar no desenvolvimento de estratégias mais eficazes para incentivar o exercício e prevenir o ganho de peso.
Os pesquisadores esperam que essas descobertas em camundongos sejam transferíveis para humanos, dada a semelhança entre as funções cerebrais das duas espécies. Estudos futuros podem focar em como a modulação da orexina em humanos pode influenciar suas escolhas entre atividades físicas e alimentares, e levar ao desenvolvimento de intervenções clínicas para promover a saúde e o bem-estar.
À medida que mais pesquisas são realizadas, a orexina pode se tornar um foco central na promoção de hábitos de vida saudáveis, ajudando a combater uma das maiores ameaças à saúde pública global.