Artes/cultura
21/10/2019 às 05:56•2 min de leitura
O desabamento do prédio Andrea em Fortaleza emocionou o Brasil tanto pelo choque da tragédia, quanto pela solidariedade das pessoas que se voluntariaram para ajudar. Até agora sete pessoas foram mortas, sete estão feridas e duas ainda são consideradas desaparecidas, segundo as últimas informações dos bombeiros na noite do quarto dia de buscas.
Nós do Mega já escrevemos sobre a tragédia em detalhes, que você pode conferir clicando aqui. No entanto, até agora não existiam pistas concretas sobre o que poderia ter causado o enfraquecimento da estrutura ao ponto do prédio cair. O que aconteceu antes do desastre, contudo, finalmente veio à tona.
Vídeos gravados por câmeras de segurança do circuito interno no dia 15 de outubro mostram um funcionário fazendo reparos nos pilares na garagem do condomínio, minutos antes do prédio desabar completamente. É possível perceber na gravação que o funcionário arrancou o concreto até metade da coluna, enquanto moradores transitavam pelo local.
"Eu ainda reclamei daquele serviço. O cara descascou todas as colunas. Cinco colunas. Quando ele foi mexer no pilar principal, deu um 'papoco', os ferros estouraram e o prédio desceu.", relatou Paulo Bezerra Martins, morador do primeiro andar do edifício Andrea.
Nas imagens fornecidas pelo G1, é possível identificar cinco pessoas: 2 engenheiros, José Anderson Gonzaga dos Santos e Carlos (que não teve o sobrenome exposto); o pedreiro Amauri; o porteiro Francisco Rodrigues Alves de 59 anos e a síndica Maria das Graças Rodrigues de 53 anos.
Pela câmera externa vemos um pedaço da estrutura de outra coluna se soltando. José Anderson, o funcionário e a síndica vão até o local para ver o que estava acontecendo, mas logo saem do alcançe da filmagem. No final do vídeo, outro pilar começa a se desfazer. Às 10h29, uma câmera de segurança da rua mostra essas mesmas pessoas circulando na garagem.
Poucos segundos depois, quando o prédio desabou, todos conseguiram correr e escapar, menos Maria das Graças que ainda está desaparecida. O mesmo vídeo de vigilância da rua mostra o exato momento em que a síndica foi atingida pela estrutura do prédio. Os rapazes sofreram apenas ferimentos leves e estão bem. Para assistir, clique aqui.
No dia 19 de setembro, menos de um mês antes da tragédia, uma vistoria técnica foi feita no prédio Andrea. Segundo a empresa de engenharia responsável pela análise, haviam 135 falhas na estrutura. O edifício Andrea teria optado por fazer a obra com a Alpha Engenharia — que cobrou um valor menor do que suas concorrentes.
O responsável técnico pela obra era o engenheiro e proprietário da empresa Alpha Engenharia, José Anderson Gonzaga. Segundo José, a obra para recuperação de vigas e pilares teria ficado no valor de R$22.200. A reforma, no entanto, estava repleta de irregularidades — o que nos lembra o velho e clássico ditado: o barato sai caro.
No mesmo dia do desabamento, José Anderson foi até uma delegacia de polícia relatar que estava fazendo reparos no local com o engenheiro Carlos e o funcionário Amauri antes do prédio cair. O Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA) se pronunciou, afirmando que iria abrir uma sindicância para fazer uma apuração efetiva dos fatos.