Hannelore Schmatz: a 1ª mulher a morrer no Everest

09/03/2021 às 16:003 min de leitura

Considerada a montanha mais alta da Terra, o Monte Everest atrai a atenção de diversos aventureiros que desejam um dia poder escalá-lo, testando os limites de sua resistência para atingir essa glória.

Porém, a façanha é extremamente perigosa e estima-se que quase 300 pessoas já morreram tentando alcançar este objetivo, deixando para trás apenas corpos congelados que servem de aviso para os próximos destemidos e que carregam histórias trágicas e mistérios, como o caso do Botas Verdes.

Em 1979, a alemã Hannelore, de 39 anos, e seu marido Gerhard, de 50 anos, decidiram aceitar o desafio que é o Monte Everest. Os dois atingiram o cume em momentos diferentes, o que a tornou a quarta mulher na história e ele o homem mais velho a atingir esta conquista. Esse feito seria um marco muito importante para o casal se não fosse por seu final trágico.

O espírito explorador de Gerhard e Hannelore Schmatz

Alpinistas ávidos, os dois já haviam conquistado em 1973 o Manaslu, uma montanha de mais de 8 mil metros localizada na Cordilheira do Himalaia e considerada a oitava maior do mundo.

A partir daí, passaram a escalar locais novos todos os anos, como forma de preparação para esta empreitada tão complexa, chegando ao topo da Lhotse, a quarta mais alta do mundo, em 1977.

(Fonte: DW/Reprodução)(Fonte: DW/Reprodução)

Gerhard  era responsável por toda a logística e aspectos mais técnicos das escaladas, enquanto sua esposa era considerada “um gênio quando se tratava de obter e transportar material de expedição”. 

Ao terminarem seus preparativos e acompanhados por outros indivíduos experientes, como o neozelandês Nick Banks, o suíço Hans von Känel, o americano Ray Genet e os alemães Tilman Fischbach, Günter, e Hermann Warth, o casal partiu para o que seria sua última aventura juntos em julho de 1979.

Uma separação que seria para sempre

Tudo estava indo bem, e depois de atravessarem a faixa amarela e o Spur de Genebra, uma característica geológica do monte localizada a uma altitude de cerca de 7 mil metros, o casal montou seu acampamento na área ao sul do topo do Everest. Porém, uma nevasca que perdurou vários dias obrigou o grupo a retroceder em sua jornada.

E foi durante a segunda ascensão que as coisas começaram a dar errado. Os Schmatzs acabaram se separando, e mesmo que o grupo de Gerhard tenha conseguido chegar ao topo em 1º de outubro, logo tiveram que voltar por causa das condições climáticas desfavoráveis.

(Fonte: Mysteries Unsolved/Reprodução)(Fonte: Mysteries Unsolved/Reprodução)

Quando o marido retornou ao acampamento e explicou que era perigoso continuar, Hannelore ficou indignada e decidiu seguir em frente com Ray Genet. 

A equipe conseguiu atingir o cume, mas as dificuldades da decida minaram suas energias e eles consideraram montar acampamento em uma área conhecida como Zona da Morte. Os dois sherpas acompanhantes explicaram que isso não seria aconselhável, e era melhor seguir em frente até atingir um acampamento seguro, mas Ray já não tinha mais energias e decidiu ficar ali, morrendo pouco depois de hipotermia.

Uma conquista desoladora

Abalados pela morte do alpinista americano, a alemã e o resto de seu grupo tentou descer freneticamente a montanha, mas infelizmente o corpo da alpinista já estava no limite e suas últimas palavras foram um pedido por água. Sem forças para seguir em frente, ela simplesmente caiu contra a mochila e morreu.

Corpo de Hannelore. (Fonte: YouTube/Reprodução)Corpo de Hannelore. (Fonte: YouTube/Reprodução)

Ela se tornou a primeira mulher e cidadã da Alemanha a perder a luta contra as adversidades do Everest, e seu corpo congelado, com olhos abertos e cabelos fustigados pelo vento, serviu como um sinal de alerta para futuros aventureiros até o vento eventualmente jogá-lo pela face leste do monte.


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