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21/08/2021 às 11:00•2 min de leitura
Antes de 1930, a pequena cidade de Fray Bentos, localizada no interior do Uruguai, não tinha grande fama internacional e tampouco parecia que se tornaria um patrimônio mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Entretanto, a região, que era conhecida pelo seu enorme gado e por seus açougues, ganhou relevância durante a Segunda Guerra Mundial, revolucionou a forma como nós nos alimentamos e transformou a economia uruguaia no século XX, além de colocar a produção global de comida dentro da era industrial.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Cerca de 1,6 mil vacas eram abatidas todos os dias no açougue Paisaje Industrial Fray Bentos, além de milhares de outros animais, antes da guerra eclodir em meados de 1939. O complexo havia nascido em 1863, quando a empresa de caldo de carne alemã Liebig decidiu construir uma fábrica na beira do Rio Uruguai com financiamento britânico.
Ali, a carne era fervida e produzia um molho nutritivo que era utilizado no tratamento de pacientes graves, originalmente. Depois, esse líquido foi solidificado e tornou-se os pequenos cubos esfarelados de molho que conhecemos atualmente. A cidade foi construída ao redor da fábrica e atraiu trabalhadores de todo o Uruguai, assim como de mais 60 países.
Após ser comprada pela companhia britânica Grupo Vestey em 1924, o local foi apelidado de "El Anglo" e passou a exportar carne congelada para o mundo todo. Com o avanço rápido da tecnologia, os uruguaios passaram a deixar sua marca no comércio internacional e transformaram os meios de produção.
(Fonte: Wikimedia Commons)
Durante a guerra, os países precisavam encontrar uma forma de manter seus soldados alimentados sem que a comida estragasse facilmente. Por isso, os produtos enlatados se tornaram grande fonte de referência e eram a opção mais prática para fornecer energia aos massivos exércitos.
Nesse ponto, Fray Bentos se tornou especialista. Apenas em 1943, cerca de 116 milhões de toneladas de latas de carne foram despachadas por um navio da cidade para a Europa. Grande parte desses produtos deveria sustentar as tropas dos Aliados na Segunda Guerra Mundial.
Em algum ponto, o monólito frigorífico do complexo chegou a armazenar 18 mil toneladas de carne congelada ao mesmo tempo, demonstrando que a cidade havia aprendido bem sobre a produção industrial. Atualmente, a fábrica foi transformada em um museu e está aberta ao público. Os prédios foram renovados e abrigam uma exposição sobre artefatos antigos utilizados naquele período histórico.