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27/12/2022 às 11:00•2 min de leitura
A tatuagem é uma marca que muitas pessoas fazem voluntariamente na própria pele. Há os que amam essa arte, enquanto outros a encaram como uma espécie de agressão autoinfligida, que só poderia ser feita por alguém com grandes sofrimentos.
Obviamente, esta é uma questão muito complexa. Por isso mesmo, a psicologia também costuma refletir sobre o que estaria por trás do ato de registrar algo para sempre no corpo. Neste texto, trazemos algumas leituras que já foram documentadas em relação a este assunto.
(Fonte: Getty Images)
As tatuagens podem ser suscitadas por várias motivações. Conforme a psicanalista Uta Karacaoglan, este é um fenômeno com múltiplas camadas, tanto concretas (como as da própria pele, que carrega estas tintas) como psicológicas (os sentidos conscientes e inconscientes por trás dessa decisão de registrar algo no corpo).
Por um lado, há os que escolhem suas tattoos para registrar uma espécie de álbum de memórias na pele, que faria o mundo enxergar a nossa história. Ou seja, escolhem-se os desenhos ou os escritos para documentar coisas que já passamos e não queremos esquecer.
Mas nem sempre as tatuagens são direcionadas ao passado. Há também aqueles que optam por tattoos que funcionem como manifestações daquilo que pensam ou acreditam, indo além das escolhas estéticas. Pode ser, por exemplo, o caso das pessoas que marcam na pele sua opção pelo veganismo, no intuito de esclarecer qual é a sua posição no mundo. Há ainda as marcas vinculadas ao presente, como pessoas que tatuam datas na pele, com o registro do nascimento dos filhos e o ano de nascimento de seus pais.
O psicólogo Miguel Soares opina sobre os impulsos por trás das tatuagens. “Geralmente as pessoas que se tatuam buscam se sentir significantes no mundo. Pode ser uma forma de defesa, de pertencimento a um grupo, de reforçar o que pensam sobre algum assunto ou pessoa. O fato é que elas querem chamar atenção para si. Outras pessoas se tatuam nos momentos de muita angústia e sofrimento pessoal”, explica.
(Fonte: Getty Images)
Independente de qual seja a motivação para resolver fazer uma marca permanente na pele, uma coisa é certa: as tatuagens tendem a revelar uma intenção de marcar a própria individualidade no corpo.
Mesmo quando alguém escolhe uma imagem da "moda", que milhões de pessoas também carregam, ela pretende "customizar" o próprio corpo a partir de uma decisão pessoal. Mas há aqui uma espécie de paradoxo interessante: buscamos a nossa individualização na mesma medida em que buscamos fazer parte de um grupo, uma "tribo" com que nos associamos a partir dessas marcas na pele.
“A cultura é uma defesa contra o sentimento de opressão, futilidade e perdição. Culturas estão cheias de valores e belezas que te fazem sentir que sua vida é significativa e que tem um significado duradouro, mesmo que limitado. Então, você pode dizer que tatuagens são expressões culturais de heroísmo e individualidade", explica o psicólogo Kirby Farrel.