Ciência
23/07/2023 às 08:00•2 min de leitura
A hipnose sempre foi fonte de curiosidade e alvo de diversos estudos relacionados à mente humana. Enquanto muitas pessoas ainda associam a técnica a charlatanismo, diversas pesquisas já comprovaram que é possível, sim, hipnotizar alguém. E a melhor parte é que isso pode beneficiar, e muito, os seres humanos!
O procedimento induz a pessoa a um estado de relaxamento profundo através da respiração adequada e relaxamento muscular. Isso permite que conteúdos "enterrados" no fundo da mente venham à tona, ampliando a consciência sobre si e sobre o estado psíquico e emocional.
A hipnoterapia, por exemplo, se utiliza desses estudos para proporcionar o tratamento de insônia, ansiedade, fobias, etc. O maior benefício é que pessoas de qualquer idade podem se submeter a esse tipo de terapia.
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Para ter os melhores resultados com a hipnose, é necessário entender exatamente como ela afeta o cérebro, e é exatamente isso que uma equipe de pesquisadores da Universidade de Stanford, dos Estados Unidos, está fazendo.
545 pessoas tiveram sua suscetibilidade à hipnose determinada usando a Escala do Grupo de Harvard para Suscetibilidade Hipnótica. Isso permitiu a identificação de 36 pessoas com "pontuações hipnotizantes altas". Esses foram os selecionados para o estudo, junto com outros 21 que tiveram pontuações extremamente baixas.
Os cérebros dos participantes do estudo foram escaneados com exames de ressonância magnética em três situações diferentes: em repouso, ao evocar uma memória, durante a hipnose, e ouvindo uma gravação de voz projetada para induzir os ouvintes a um transe.
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Na neurociência, a rede de modo padrão (DMN) é uma rede cerebral de larga escala de regiões do cérebro responsável pela autoconsciência e pela memória episódica; enquanto isso, a rede de controle executivo (ECN) controla a cognição.
Ambas são desconectadas entre si, o que explica o porquê a hipnose permite que as pessoas permaneçam conscientes e capazes de agir, mesmo sem ter a capacidade de refletir sobre o próprio envolvimento nessas ações.
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Outra descoberta importante foi a de que, durante a hipnose, há um aumento na conexão entre o córtex pré-frontal dorsolateral (DLPFC) e a ínsula, uma região do cérebro associada à função somática, processamento da dor, emoção, empatia e senso de tempo. Os pesquisadores explicam que essa pode ser a resposta para como a hipnose permite que pessoas superem ou consigam controlar suas dores.
A última descoberta da equipe foi que há uma diminuição da atividade no córtex cingulado anterior dorsal (dACC), que é uma das regiões responsáveis pela "avaliação de contexto" e que nos ajuda a decidir no que devemos nos concentrar e o que devemos ignorar.
Ao final do estudo, os autores afirmaram que nenhuma área do cérebro é "desativada" durante a hipnose. No lugar disso, suas conectividades são alteradas. Algumas, antes juntas, se separam, e outras se integram. Ou seja, a hipnose é um estado de consciência diferente.