Artes/cultura
14/01/2024 às 09:00•2 min de leitura
O jejum intermitente (dieta baseada em períodos de jejum prolongados, entre 16 a 24 horas, nos quais se pode apenas beber água e bebidas não calóricas) é uma das técnicas que mais tem sido usada para o combate à obesidade, apesar de muito controversa. Agora, um estudo feito na China sugere que esse sistema pode levar a alterações significativas tanto no cérebro quanto no intestino.
A partir de um experimento feito com 25 voluntários obesos, acompanhados pelo período de 62 dias, os estudiosos chineses verificaram alguns aspectos provocados pela restrição energética intermitente – que é o princípio do jejum intermitente.
(Fonte: Getty Images)
Os pesquisadores observaram que os participantes do estudo perderam, em média, cerca de 7,6 kg, ou 7,8% do seu peso corporal. Mas, além disso, eles notaram que houve evidências de mudanças nas atividades do cérebro ligadas à obesidade, assim como na produção de bactérias intestinais.
“As mudanças observadas no microbioma intestinal e na atividade nas regiões cerebrais relacionadas ao organismo durante e após a perda de peso são altamente dinâmicas e acopladas ao longo do tempo”, afirmou ou pesquisador de saúde Qiang Zeng, do Centro Nacional de Pesquisa Clínica para Doenças Geriátricas na China.
Contudo, ainda não se sabe o que causou estas alterações: se o intestino influenciou o cérebro ou vice-versa. Ocorre que ambos os órgãos estão intimamente ligados. Por isso, entender certas regiões do cérebro pode ser uma forma de controlar melhor a ingestão de alimentos.
(Fonte: Getty Images)
Por meio de exames de ressonância magnética, os pesquisadores viram algumas alterações na atividade cerebral dos participantes da pesquisa, que ocorriam em áreas ligadas à regulação do apetite e à compulsão por comida.
Além do mais, as alterações do microbioma intestinal, analisadas através de amostras de fezes e medições de sangue, foram associadas a regiões específicas do cérebro. Houve mudança, por exemplo, nas bactérias Coprococcus vem e Eubacterium hallii. “Acredita-se que o microbioma intestinal se comunica com o cérebro de uma forma complexa e bidirecional”, diz o cientista médico Xiaoning Wang, do Centro Clínico Estatal de Geriatria da China.
O médico ainda explica a relação deste microbioma com as atividades cerebrais. “O microbioma produz neurotransmissores e neurotoxinas que acessam o cérebro através dos nervos e da circulação sanguínea. Em troca, o cérebro controla o comportamento alimentar, enquanto os nutrientes da nossa dieta alteram a composição do microbioma intestinal”, pontua.
A pesquisa tem sido considerada relevante para os estudos que buscam a diminuição da obesidade. Acredita-se que mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo sejam obesas, o que impacta em problemas de saúde como câncer e doenças cardíacas.
Assim, entender mais sobre as ligações do cérebro e o intestino pode ser um passo importante. “A próxima questão a ser respondida é o mecanismo preciso pelo qual o microbioma intestinal e o cérebro se comunicam em pessoas obesas, inclusive durante a perda de peso”, conclui o cientista biomédico Liming Wang, da Academia Chinesa de Ciências.